Já faz algum tempo, estava eu na fila da padaria e no caixa, quem atendia era o próprio dono, um loirinho, descendente de poloneses, de cara gorducha e enjoada.
No momento de ser atendido, entabulamos um pequeno diálogo e não lembro por que cargas d’água o assunto caiu nas profissões que tínhamos, ele empresário, eu músico, atividades que davam trabalho pra caramba e pouco dinheiro, ao contrário da profissão de político, que gera muita grana e não se faz quase nada. No final da conversa ele arrematou com algo assim;
- Bom mesmo é ser político. Estes sim é que ganham dinheiro.
Encerramos o papo com esta última frase, que me soou claramente como uma corriqueira ironia.
Uns meses depois, to na fila de novo, e o cara me comunica.
- Vou precisar dos teus trabalhos de músico.
- Sim? Diga.
- Me candidatei a vereador.
Não é que o cara tava falando sério na conversa anterior? O ignóbil homenzinho não estava ironizando como eu pensava. Já estava planejando faturar com a política e não teve a mínima vergonha de me dizer aquilo. Fiquei sem palavras, olhando pra ele.
Tenho assistido à propaganda política. Até que é divertida. Tem uns caras bem engraçados. O Simon é bom de ver. Parece um gnomo que saiu de um poço de bruxas. Foi pego gastando 60 pilas do contribuinte em dentista e disse que usou o dinheiro porque andava duro. Passei dia destes na frente de uma das lojas dele e esta parecia modernizada. Não parece envergonhado com isto, afinal de contas os caras andam achacando cifras muitíssimo maiores do que isto.
Outra coisa preocupante é ver estes caras ligados às emissoras liderando as pesquisas. O PT dá um tiro no pé do Brasil e no próprio pé, quando não cria um grande e novo projeto de educação. Sem educação, ficamos frágeis no momento de escolher, e podemos colocar no poder uma gente que quer que o Brasil volte a ser o Brasil que só contemplava uma minoria. Outra parada preocupante e assustadora é o fortalecimento dos evangélicos. Estes estão de olhão no poder. Isto seria a volta às trevas.
Nosso país é muito jovem. Temos apenas 500 anos, o que equivale a mais ou menos 5 Niemeyers. Nossa democracia terá pouco mais de um século e estes 100 anos foram interrompidos por algumas ditaduras. É uma democracia novinha. Estamos ainda engatinhando, descobrindo aos tropeções o jeito de exercitar a política. Alguns países europeus levaram 2000 anos até as coisas se acomodarem um pouco melhor. Não nos afobemos, pois. Lá por 2200, a nossa vai estar bem legal.
FC – setembro/2014 - PoA
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