sexta-feira, 20 de março de 2015

OLHA O OUTONO AÍ, GENTE!

      
      É fim de fevereiro, você chega na janela e vê que repentinamente o sol passou a incidir de forma diferente. É o outono que já vem dando uma palhinha. 

     Aquele brilho frenético do verão já vai esmaecendo, dando lugar aos tons pastéis, e uma nevoazinha já  pode se sentir também.

     Estes primeiros sinais  parecem trazer um tanto de melancolia, porque a chegada do outono significava o fim das férias escolares e estas coisas ficam marcadas na gente. Pra sempre, acho.

     Desconfio que a sensação é ainda mais forte para os sulistas, pois lá por aquelas bandas, logo a temperatura vai baixar de forma mais marcante, e a paisagem será bem diferente desta que o verão apresenta. Este verão incandescente que se despede.

     Me lembro de que quando ia veranear com a família, algumas vezes invadíamos março (minha mãe sempre diz que março é o melhor mês pra ficar na praia) e assistíamos ao balneário se esvaziando, as pessoas todas voltando para suas cidades, as casas fechadas, as ruas desertas, as cidades se tornando fantasmas. Doía um pouco.

     Estes ares outonais me trazem também o cheiro do caderno novo, do lápis, da borracha, aquele friozinho na barriga que dava a chegada do ano letivo, sala nova, professora nova, colegas diferentes, será que vai haver?

     Outra coisa que também não esqueço era o hábito que os jardineiros tinham de queimar um montinho de folhas junto ao fio da calçada. Aquela fumacinha se propagava pelo bairro fazendo o nariz da gente arder, e se misturava à névoa outonal e isto, por alguma razão, deixava as manhãs mais bonitas ainda.

     Estou longe do sul e já faz bastante tempo que não tenho estas sensações, mas em compensação o outono do Rio de Janeiro é fantástico. É a época mais linda desta cidade e aqui tenho a impressão de que o mundo descansa nestes meses. O calor arrefece e as pessoas parecem deixar de alucinar tanto.

     Logo, logo,vêm aí as águas de Março. Então é hora de torcer para que elas não magoem tanto aos mais desvalidos. As águas de Março querem limpar os restos da bagunça que o Verão inventou, e muitas vezes, estas águas são truculentas. Elas querem que a casa esteja limpa. Para que o Outono possa reinar tranquilo com sua simplicidade, com sua modéstia.



Fernando Corona - RJ - 2014