domingo, 21 de fevereiro de 2016

EC

Na real, o Eduardo Cunha é um cara bonitão.

Ao contrário do que se pensa, EC é um surfista do Leblon, de cabelo encaracolado e olho azul. É esguio e tem porte atlético.

Aquela figura que a gente conhece e vê na TV diariamente é uma máscara de borracha que ele coloca todas as manhãs antes de sair de casa.

Só isto pode explicar o fato de que mesmo com tantas acusações e evidências, as feições dele se mostrem sempre inalteradas.

Cunha jamais acusa o golpe.

O cara chega em frente aos microfones e responde tranquilamente a toda e qualquer questão sempre com aquela cara de boneco semi sorridente.

A barriga também é postiça e dá pra ver isto claramente pois cada dia tem um tamanho diferente.

Ele é descuidado com a barriga falsa.

Talvez pelo fato dela ser forrada com dinheiro e ele sempre tem de dar ou receber uma propina aqui, outra propina ali. Então, acho que o volume acaba ficando variável por conta disto.

Aquele andar de Gansolino, podem acreditar, também é fabricado. É tudo fake. Sempre tem uns 4 ou 5 caras caminhando junto a ele e sabe por que? Pra segurar o cara, caso o peso do dinheiro o force a cair pros lados. Tipo  João Bobo.

Dia destes surgiu o boato de que certa noite, Cunha esqueceu de tirar o disfarce e entrou pelado em seu quarto portando uma mala com 5 milhões de dólares.

Diz que foi nesta ocasião que a mulher, ao ver a cena tão assombrosa, arregalou os olhos e nunca mais desarregalou.

Não pelo conteúdo da maleta, é claro, afinal de contas ela deve estar mais do que acostumada a ver tanta grana junto, mas se fofoqueia bastante pelo congresso que EC, nesta época, também já andava fazendo uns disfarces mais do que esquisitos no bilaust.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

NÃO SE AFOBE NÃO, QUE NADA É PRA JÁ.

Esta frase da música "Futuros Amantes", do gigante Chico, serve também pro momento político pelo qual estamos passando. Não é? Não adianta termos tanta ansiedade, tanta pressa. As coisas se resolvem  muito lentamente. Queremos  chegar logo a algum fim que certamente nem existe. Acho que é uma jornada que não termina. Então não adianta ficarmos bem loucos.

Estamos esculpindo lentamente nossa jovem democracia. Estamos parindo sem anestesia nossa democracia. Estamos sangrando. Mas acho que é assim mesmo. E desta vez, parece que não há condições de haver molecagem. 

Não vai ter golpe. 

O golpe, que volta e meia, os moleques da classe dominante e poderosa davam, desta vez não vai ter condições. A mídia, sempre parceira dos moleques, não tem mais a força que tinha pra propagar suas ideias elitistas. Agora temos a rede social e assim a Globo tem sido expulsa das manifestações. Não  interessa pra democracia uma mídia que compartilha  mentiras, uma mídia que investiga e até faz papel de juiz  sempre de  forma seletiva, uma mídia que omite  fatos. 

Pouco a pouco os moleques desta mídia vão sendo desmascarados. Isto é um processo lento. Pra pessoa acreditar nisso ela tem de estar aberta e a mídia ensina as pessoas a estarem fechadas. A mídia cria bonecos que consomem uma música ruim, não leem, e assim acabam tendo uma visão frágil sobre política. Como explicar milhões de votos dados a Cunha, Bolsonaro, e Feliciano? São os bonecos dos novos tempos que vão às urnas e vão mal. Os descerebralizados. Os bonecos criados pela mídia. Bonecos que resumem sua vida em consumir e assim não enxergam e não ouvem.

Não tenho dúvida que Lula foi o maior presidente que o Brasil já teve. É verdadeiro o fato de que pela primeira vez em 500 anos, as camadas mais pobres da população conseguiram respirar um pouco melhor, assim como também é vero que o Brasil foi recordista mundial de emprego. Até a Globo noticiou isso, embora em nota na página 5.

 Tem uma frase de Brecht que diz "Primeiro vem o estômago, depois a moral". No meu entender, Lula e o PT tentaram atacar o primeiro mal  mas acabaram esquecendo o segundo. Deram alimento ao estômago, mas não se preocuparam em matar a fome do cérebro do povo. Com isso os zumbis foram  se multiplicando. Com isso, se escolhe, a cada nova eleição, um congresso mais e mais careta e bandido. As ideias progressistas ficam reféns de um povo idiotizado. Como se soluciona isso? Por mais que surjam políticos talentosos e idôneos, sempre vamos  ficar à mercê de um eleitorado que é cada vez mais tacanho.

Lula foi o maior. Lula e o PT mostraram que é possível mudar as coisas. Se perderam bastante pelo caminho, é verdade, mas abriram muitas linhas para reflexão. Uma delas é a de que talvez queiramos algo que seja maior que o Lula e seu partido.   E acho que é com reflexão que se aprimora a política. Não é só na urna. Caraca. Democracia demanda mão de obra. Tem de estudar. Tem de saber o nome dos políticos e o que eles fizeram ou deixaram de fazer. Vamos ter de tirar a bunda do sofá e participar mais pois o ausente nunca tem razão. 

E agora lembrei de algo que o Nelson Coelho sempre falava, com aquela expressão bonita e  interessada que ele sempre tem.


- Véio! O Brasil foi descoberto faz só 500 anos. Isso foi ontem.

Na época, não entendíamos muito bem esta máxima nelsística, mas o tempo vai passando e a maturidade vai nos ajudando a ter um pouco mas de clareza  para enxergar. É verdade. O Brasil tem a idade de 5 Oscar Niemeyers. O Brasil foi descoberto ontem.

 E a república tem pouco mais de 100 anos. 

"Então Não se afobe não, que nada é pra já". 

Segura esta ansiedade. Tamo só no comecinho. 

Gauderiamente falando:

Falta muita tripa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

VAMOS?


Fico admirado de ver como as pessoas gostam de carnaval. 


As pessoas são muito puras e ficam felizes com os simples ato de brincar, pular. Fazem isto horas a fio, sob um sol escaldante, muitas vezes sem ter onde pegar uma cerveja ou um refri.

Eu fico realmente assombrado. Deve ser uma mensagem que vem de muy priscas eras, uma herança ancestral, que faz as gentes saracotearem sem parar, com um sorriso que não se desmancha nunca.

Dia destes alguém me perguntou se gosto de dançar. A resposta veio assim.

- Se for por uma causa nobre até danço.

Se você não entendeu vou tentar ilustrar.

Hipoteticamente resolvo ir ao bloco. Tás acompanhando? Penetro, avanço. Resolvo que vou pra galera e vou mesmo. Chego até o epicentro de um bloco que tem mais de um milhão de pessoas. São 20 Maracanãs lotados. Dá pra ter 5 crises de pânico. Fácil. Mas fico aqui. Não arredo. Já que estamos no inferno comamos o diabo. Não é?

Aqui tem muita gente. Um milhão de pessoas animadas. Se eu quiser sair pra fazer xixi levarei meia hora. Estas pessoas não devem mijar. Ou então suam todo o xixi. Aliás, por falar nisso, é uma delícia quando a gente se encosta num gordo grudento. Mas vamos brincar, vamos pular.

De repente, na minha frente surge uma cabrocha. Animada. Tem o meu jeito. Simpática, bonitinha. Parece gostar de mim. Logo nos tornamos um par. To começando a gostar disso. Vai se formando uma lógica.

Num determinado momento, no meio daquela insanidade toda, somos os dois empurrados, um em direção ao outro, e aproveitamos o acontecido pra grudar um beijo. Agora sim to gostando mesmo deste troço de bloco. Então sou eu quem inicia o diálogo.

- Humm...beijo gostoso.
- É mesmo!
- Vamos?
- Que!?
- Vamos?
- Pra onde?
- Sei lá. Pra minha casa. Prum motel.
- Você tá doido. O bloco recém começou.
- Ah tá.
- Você não gosta de brincar?
- Quem, eu? Adoro.
- Então vamos brincar. Vamos animar.
- Tá.
- Olha só. Se você ficar comigo até o fim do bloco até posso pensar em aceitar seu convite e podemos ir pra sua casa ou algo assim.
- Legal. E até que horas vai o bloco?
- Até às 9.
- Mas tem mais 4 horas ainda!?
- Por aí.
- Se eu pular tudo isso vou pro São Miguel e Almas e não pro motel.
- Chato.
- Escuta só. E digamos que eu fosse pra casa? Ficava lá de boas, assistindo TV e no fim do bloco te buscava? O que você acha dessa ideia?
- Ninanina. Não senhor. Assim não vale.
- Tá. Tá bom. Então olha só. Me dá mais um beijo?
- Dou sim.
- Hum...beijo gostoso.
- Muito gostoso.
- Então...
- Então o que ?
- Vamos?



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A MULÉ E O CHAT

Quando estou no chat escrevo de qualquer jeito.
 

Não utilizo maiúsculas. Uso todas as abreviaturas possíveis. Mando palavra errada de montão, mas só corrijo quando vejo que se criou uma dificuldade de compreensão.
 

Fora isso, tô nem aí. Vai de qualquer jeito. O importante é a emoção da hora. Se comunicou, tá comunicado.
 

Este padrão é completamente avesso ao comportamento que as mulheres têm, em sua grande maioria, quando estão no bate papo.
 

Pode ter certeza.
 

A mulher reescreve a palavra.
 

Quando a palavra vai errada a mulher repete de forma correta. Não raro pede desculpas.
 

A mulé também se esmera nas maiúsculas, capricha nas vírgulas e na pontuação.
 

A imensa maioria procede assim.
 

Mas foi dia destes, assombrado com um pequeno detalhe de uma conversa, que entendi que a mulher possui um senso ético gigantescamente superior ao nosso, que revela toda sua generosidade, que demonstra que ela acha importante compartilhar com a gente seu ânimo, seu entusiasmo, suas emoções.
 

Sabe você qual é o momento em que isto fica muito claro?
 

É quando a mulé manda a frase e coloca ponto de exclamação.
 

Eita!
 

não eh lindu?!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

ATENDENDO A MAIS E MAIS PEDIDOS, AQUI ESTÁ NOVAMENTE A TABELA ATUALIZADA DA DELAÇÃO PREMIADA DA LAVA GATO

A delação premiada está oferecendo:

10 anos a menos de cadeia pra quem acusar petistas.

10 anos a menos pra quem não ficar enchendo o saco com reminiscências da época FHC.

5 anos a menos pra quem não tocar no nome do Cunha ou revelar que sofre ameaças do mesmo. A Suíça já foi bastante desagradável ao nos obrigar a fingir que investigamos o dito cujo.

5 anos a menos pra quem não tocar no nome do Aécio. A título de brinde, o delator que preencher tal requisito vai receber um souvenir, ou seja, uma peça de helicóptero e mais 100 gramas da branca mais purinha.

E tem ainda a delação gold.

Quem tiver provas irrefutáveis contra o Lula, além de ganhar 30 anos a menos, também seus filhos e netos não irão pra cadeia nem se cometerem assassinato.

E pra terminar. Você aí, que sabe tudo sobre as falcatruas do Lula, do filho dele e da Dilma e tá sempre postando algo, escuta este recado. Tem uma polícia federal, um ministério público e uma mídia inteira empenhados 24 horas por dia pra encontrar algo que os incrimine. Devem estar enfrentando algumas dificuldades, pois até agora não obtiveram sucesso e desesperadamente, parecem já estar tentando criar fatos que vão ganhando contornos de comicidade. A Marisa comprou um barco de lata por 4.100, reais e o pior de tudo, a nota de compra está no nome dela. Isto é uma pouca vergonha. Se ela tivesse gasto 500.000, reais em compras em apenas uma tarde, como fez a mulher do Cunha, não haveria motivo pra desconfiança. Mas este barco é muito duvidoso. Se Marisa tivesse viajado num helicóptero com meia tonelada de cocaína dentro, não haveria problema também, afinal já sabemos que isto  não é mais contravenção no Brasil. Mas querer navegar num barquinho de lata? Faça me o favor!!! Isto é muito esquisito!!!

Então, voltando ao cerne.

Você que é um esperto e sabe tudo e tá sempre compartilhando. Por que não se apresenta ao MP ou à PF e cumpre seu dever patriótico? Vai lá!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

AS PESSOAS DE BEM


O Lula não é um Mujica. O Lula gosta de dinheiro. E as pessoas de bem tem muita raiva do Lula também por isto. Afinal de contas, um socialista não pode gostar de dinheiro.

O Lula toma cachaça e as pessoas de bem tem raiva. Se tomasse espumante as pessoas de bem teriam mais raiva ainda. Socialista não pode gostar de champanhe. Nem de Mac Donalds.

O Mujica deu um jeito para que não pudessem falar nada dele. Leva uma vida monástica. Mas não pense que as pessoas de bem não odeiam o Mujica. Odeiam e odeiam muito. As pessoas de bem odeiam todos aqueles que pensam em mudar um pouquinho as regras do jogo, regras estas que lhes parecem justíssimas. Mas do Mujica nada podem falar. Não tem jeito. Então odeiam em silêncio.

É algo parecido com o que aconteceu com o governo Lula e boa parte do governo Dilma quando a economia tava fumando e o desemprego chegou ao recorde planetário na casa dos 5%. Um boom de consumo. As pessoas de bem estavam caladas, e seu ódio repousava em prateleiras.

Vieram os escândalos e a crise, e assim as pessoas de bem puderam tirar com regozijo seu ódio do armário para que tomasse ar, para afastar o bolor. E as pessoas de bem encontraram os seus parecidos na rede social e é ali que brindam e bradam o seu ódio fervorosamente, com estrepitosa alegria.

A sensação de pertencer a um grupo traz coragem e então as pessoas de bem usam as piores palavras e propõem atrocidades sem medo de nada e as pessoas de bem sentem que têm o direito de interpelar e ofender os outros em via pública e então esta coragem imensa convida também a sair do armário o preconceito. E por que não?

Na prateleira de cima o racismo estava adormecido. E as pessoas de bem tiraram o racismo do armário. E da prateleira seguinte sai do armário quem mesmo, meus senhores? A Dona homofobia. Logo em seguida, a xenofobia e o machismo.

As pessoas de bem resolveram fazer definitivamente uma faxina no armário. Encorajadas por seus parecidos, perderam por completo seus pruridos. E assim se criou uma espécie de permissão para se ser perverso. O fato de Bolsonaro ter tantos seguidores é a mais dura prova disto.

Dia destes as pessoas de bem estavam protestando em Copacabana quando apareceu um menino de 10 , 11 anos, que teria roubado algo. O menino foi cercado por homens e mulheres, todas pessoas de bem, que ensaiaram uma espécie de linchamento. Homens de 50 anos agrediram o ladrãozinho com socos até que um policial com um pouco mais de bom senso o tirou dali e o colocou dentro de uma viatura. Através dos vidros do camburão as pessoas de bem faziam sinais e diziam que o menino tinha de morrer, que eles estavam de olho nele, que o pegariam. Ladrõezinhos não podem fazer isto com pessoas de bem.

As pessoas de bem, que sempre gritam que pagam seus impostos em dia como se isto fosse um grande favor, então se reúnem na avenida e pedem intervenção militar. Batem panelas, vestem a camisa da seleção brasileira e quando cantam o hino nacional se emocionam até às lágrimas, pois se sentem profundamente patrióticas as pessoas de bem.

Se emocionam ao cantar o hino da mesma forma que os alemães se emocionavam ao ouvir os discursos de Hitler. As pessoas de bem tem absoluta certeza de suas crenças. Não há argumento algum que as convença, que as demova. Exatamente como os alemães da época nazista.


pOa - janeiro - 16

"NICO - A GRANDE ATRAÇÃO".

Foto de Gerson Oliveira
Cheguei contando que Pezao Papas tinha me convidado pra um show que seria uma homenagem ao Mago Nicolaiewsky, o maestro Pletskaya, um show que teria atores, que teria figurino bacana, maquiagem maluca, teria humor, cenário, bons músicos e teria até a Fernanda Takai. Em casa me disseram que sim, que era muito legal, mas era pra eu participar e ficar quieto, não incomodar. O que passa é que sou chato, meto o bedelho em tudo e todo mundo sabe disso. Sou um músico problema. Respondi que não incomodaria, que ficaria na minha. Apenas pediria à Fernanda que me colocasse no Pato Fu. Depois, durante os ensaios, contei isto a ela, que deu boas risadas. Fernanda, além de talentosa, é uma pessoa muito simples e doce. E bela também.


Ensaiamos bastante. Seriam 5 noites no São Pedro e isso requereria extenso trabalho pois foi no São Pedro que aos 6 anos de idade me apresentei pela primeira vez. Tocando marimba na bandinha da escola Ildefonso Gomes. Tenho uma foto do Correio do Povo pra provar. Seria muita responsabilidade voltar àquele palco. Então ensaiamos muito.

Brincadeiras à parte, esta gig foi uma experiência fantástica. Poucas vezes tive contato com Nico e minha ignorância sobre suas composições era total. Nico deixou canções maravilhosas, com letras belíssimas, e como disse Levitan, muitas delas teatralizáveis.

Foi também algo diferente, pois nos últimos anos eu andava tocando de forma mais livre, dentro de uma linguagem cada vez mais solta, e este espetáculo exigia uma certa obrigatoriedade e exatidão, então necessitei de alguns dias pra trocar a casca. Pezão, na direção musical, sabia exatamente que tipo de sonoridade queria ouvir e desta forma nos dirigiu com tranquilidade até o formato final.

Foi uma experiência rica, pois tivemos de fazer algumas marcações teatrais. Me senti muito bem sendo personagem. Um maestro mal humorado. Acabei fazendo o papel de mim mesmo. É bom que se diga que não sou maestro, embora alguns colegas brinquem com isso.

Tive a oportunidade de conhecer Bruno Mad, Diego Silveira , Nina Nicolaiewsky e Pedro Verissimo e também pude estreitar laços com Luciano Albo e Claudio Levitan, todos talentosíssimos e muy buena onda. A também bela atriz Márcia Do Canto nos orientou muito bem nas cenas e nos tirou o medo de fazermos papelão. No final apoteótico ainda teve Kraunus Sang, o personagem carismático de Hique Gomez II que é um artista gigantesco e o formidável Arthur de Faria.

Importante ressaltar a beleza do cenário de Carina Levitan, a luz mágica deOz Perrenoud e o som brilhante da troupe chefiada por Paulo Petzold.

Figurino doido a cargo de Antônio Rabadan. Maquiagem divertida de Regis da Barber. E Marilourdes Franarin na retaguarda foi supimpa.

Carácoles. Acho que esgotei meu repertório de adjetivos, mas não poderia ser de outra forma.

Acho que foi inesquecível para todos nós.

Obrigado ao Pé por ter me buscado.

Acho também que não enchi. Me comportei bem. Será que foi?


janeiro - 2016 - pOa

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

TARZAN, O REI DAS SELVAS


Eu tinha 13, 14 anos de idade quando meu pai chegou em casa com um presente. Na saída do trabalho, ao passar por uma livraria, lhe chamou a atenção numa estante algo que para ele era bastante familiar. As listas azul claras da coleção TERRAMAREAR. O livro que ele escolheu entre outros tantos que ali havia, tinha como título: TARZAN, O DESTEMIDO. Eram mais de 600 páginas e a letra pequena. A autor. Edgar Rice Burroughs.

Acho que no dia seguinte já me entreguei à tarefa de tentar derrubar o calhamaço, tarefa que parecia árdua, pois estava acostumado com Lobato, livros menores com letras grandes, mas acabei me possuindo e 3 dias depois já tinha devorado e estava pedindo outro. A história era fantástica. Meu pai comprou todos os que pôde encontrar por Porto Alegre e acabou faltando 2 ou 3 para que eu tivesse a coleção inteira.

Eram romances muito bem escritos que começavam com um ponto central e este logo se bifurcava em narrações paralelas e algumas vezes se trifurcava, e isto criava um suspense terrível que me fazia não querer parar de ler até o final onde tais paralelas voltavam a se encontrar para o grande desfecho.

Quem leu estes livros sabe que o macaco que acompanhava Tarzan não era um chimpanzé. Era um sagui e não se chamava Chita e sim Nkima. Tarzan sabia falar a língua dos símios e se comunicava com todos os macacos. Muitas vezes Nkima estava empoleirado no ombro do herói em suas aventuras.

Estas novelas de Burroughs, que foram escritas no começo do século XX eram extremamente respeitosas com o mundo animal. Tarzan só matava animais para defender sua vida ou a vida dos seus. Nutria profunda admiração por todos eles. Numa era o leão. Sabor, a leoa. O leopardo era Sheeta. Tantor, o elefante. São algumas designações que ainda lembro.

John Greistoke era um bebê quando o avião no qual viajava com seus pais, que pertenciam à nobreza britânica, teve uma pane e caiu na savana africana. Os pais morreram e a criança foi alimentada e criada por uma gorila chamada Kala. Este seria o resumo do início da formidável saga que se encontra no primeiro tomo intitulado em português como TARZAN, O FILHO DAS SELVAS.

Lembro de uma tarde em que estava febrilmente devorando um dos livros. Tarzan estava cruzando a pé o deserto do Saara. Já não tinha mais forças. Não havia nada em volta a não ser areia, calor e abutres lá em cima. Sem chance. Num determinado momento o herói falseia e cai, absolutamente inerte. Os abutres se aproximam da presa indefesa e moribunda para iniciar seu banquete. No momento em que um deles pousa no pescoço do gigante glabro, este, num esforço supremo, se volta, e sujeitando o animal com brutalidade, lhe crava os dentes no pescoço para sugar seu sangue com volúpia até saciar sua sede. Seguido a isso, revigorado, o tarmangani (termo que signigicava gigante humano branco) pôde seguir sua jornada. Aquilo foi demais. Vibrei. Eiiiitttaaa!!!

20 anos depois entro na casa do fotógrafo Luiz Antonio Catafesto, o Alma Negra e vejo a coleção na estante. Fiquei surpreso e perguntei.

- Pô cara, tu leu o Tarzan?
- Li tudo.
- Bom pra caramba.
- E aquele lance do deserto que o cara chupa o sangue do abutre?

O Luiz Antonio também ficou com a lembrança daquela façanha inacreditável.

Me dá um pouco de pena que este tipo de literatura tenha ficado obsoleto e a gurizada esteja absolutamente sem fios de contato com ele. Assim como tanta arte que a ideologia do consumo condena. Mas isto é um outro assunto. Um assunto terrível.

Pra finalizar, estava catando algo sobre o autor. Achei. Muito interessante.

Edgar Rice Burroughs nasceu no ano de 1875 em Chicago, nos EUA. Foi o criador de Tarzan e de John Carter, herói da guerra civil americana que foi abduzido por marcianos verdes, salvou uma princesa inimiga e se meteu na guerra civil marciana.

A saga de John Carter é considerada uma das mais influentes séries de ficção científica de todos os tempos. Burroughs começou a trabalhar no primeiro livro da série, "Uma Princesa de Marte", em 1911, aos 35 anos. Muito tempo depois, sua influência continua tão grande que não pode ser desassociada de filmes como Avatar e a saga Star Wars.

Bradbury – autor de dezenas de livros, incluindo o clássico Fahrenheit 451 – costumava enfatizar a influência de Burroughs. “Oferecendo romance e aventura a toda uma geração de garotos, Burroughs estimulou-os a sair por aí e a querer se tornar pessoas especiais”, afirmou o autor. “Eu tenho conversado com bioquímicos, astrônomos e tecnólogos de várias áreas que, quando tinham 10 anos de idade, eram apaixonados por John Carter e Tarzan. Foi por isso que eles decidiram fazer algo romântico. Burroughs mandou a gente pra Lua.”

Uma larga cratera marciana foi nomeada Burroughs após a morte do autor.

Os livros de Burroughs inspiraram Arthur C. Clarke a começar a escrever. Clarke é um dos maiores nomes da literatura de ficção científica – seu trabalho mais conhecido é 2001: Uma Odisseia no Espaço. Ele amava a série de John Carter quando era criança, e revelou que foram esses livros que o inspiraram a escrever histórias sobre aventuras espaciais.


PoA - Janeiro - 16

RELAÇÃO ABERTA

O casamento andava meio chocho, já tinham mais de 10 anos juntos, e Nélio então propôs como experiência que a relação se tornasse aberta. 

Magda, no início achou meio esquisito, mas acabou topando, pois Magda faz tudo de boa vontade. Magda coopera. Sempre.

Nélio logo se entreverou com duas mais atrevidinhas do bairro e se pode dizer que isto apimentou muito bem a relação do casal. Magda até deu uma choradinha quando o marido lhe contou que andava comendo Consuelo, a cabeleireira, mas logo secou as lágrimas, pois ficou interessada ao saber do fato dela ter a mania de comprimir os imensos seios na cara do marido até ele ficar sem ar. Achou aquilo um tesão e também achou muita graça do joguinho. A Con é legal. É alegre e esparrenta. E sempre dá desconto na pintura e no corte.

Mas estava faltando alguma coisa. Magda ainda não tinha experimentado nenhuma relação extra. Ou por não poder, pois o hospital lhe tomava muito tempo, ou por esquecer, pois era bastante desligada. Magda ainda não tinha entrado no jogo. Então Nélio, ansioso, com o rosto transfigurado pela luxúria, perguntava a toda hora.

- E aí, Magda?
- Aí o que, Nélio?
- Fez?
- Fiz o que, querido?
Nélio se impacientava.
- Transou, Magdalena?
- Ah tá! Não, meu bem. Ainda não. Mas logo, logo.

Então Nélio encerrava a conversa com um largo e melancólico suspiro.

Mas um dia Nélio entrou em casa e encontrou a mulher de braços cruzados, sorridente. Mal fechou a porta, Magda mandou.

- Adivinha, querido.
- Que?
- Adivinha o que aconteceu.
- Adivinha o que, Magda?
- Transei.
- Como, transou?
- Transei, Nélio. Fiz um fukifuki! Rolou um sexo com outro homem.

Depois deste pequeno rompante de irritação, Magda notou um leve tremor na boca do marido e logo o olhar dele ficou turvo e isto a assustou, pois uma enfermeira conhece bem os sinais do derrame cerebral, mas Nélio, com um fio de voz, interpelou.

- Com quem, Magda?
- Com o Wesley.
- Que Wesley?
- O Wesley, querido!
- O despachante?!
- Claro! Que outro Wesley a gente conhece?

Nélio, saindo do transe, atirou pastas e papeis pra todos os lados e avançou no pescoço da mulher.

- Você é doida, Magda!? Com o Wesley? Amanhã todo o Detran vai saber que eu tomei um chapéu!! Com o Wesley, Magda!? Vou te matar!!!

A mulher, temendo pela vida, já se sentindo asfixiada, num ato reflexo mandou a joelhada certeira que fez o marido emitir um gemido abafado, como um saco de estopa que se esvazia. O golpe preciso fez afrouxarem as garras do homem e assim Magda pode escafeder-se pelo corredor. 


Nélio, correndo como um pinguim, com a terrível sensação de que os ovos estavam conversando com as amídalas, não conseguiu impedir que a mulher se trancasse no banheiro. Caiu de joelhos com o nariz na fresta.

- Abre esta porta, Magda.
- Não, Nélio! Não tô te reconhecendo. Foi você que inventou essa coisa de relação aberta.
- Mas com o Wesley, Magda?
- Eu tinha duas opções, querido! Era o Wesley ou o Antenor.
- Mas o Antenor é meu melhor amigo!?... O que!? O Antenor tá querendo te comer também?
- Ahã.
- Caráleo. Tenho inimigos por todos os lados. Magdalena, abreaporra dessa porta!
- Eu não. Tô com medo de você. Vou ligar pro Ué.
- Que? Quem é o Ué?
- É o Wesley?
- Taquispariu. Apelido carinhoso com o despachante? Tu já viu a unha do mindinho dele? Ué!! Só faltava essa! Escuta. Tu nunca me chamou de Né!
- Querido. Você parece que tem 10 anos, pera!... Alô,... Ué! Alô. É a Magda. Olha só. Pode falar? Preciso de tua ajuda. Preciso que você venha aqui. Falei pro Nélio que a gente transou e acho que ele não gostou muito... Você vem, Ué? O que? Não pode vir? Mas você disse que me amava....mas escuta...ele se pôs violento...alô...alô, Ué!...alô...filho da puta!, desligou. Vocês são todos uns covardes.

Magda então abriu um chorozinho desconsolado.

- Abre esta porta, Magda.
- Não abro.
- Vou derrubar.
- Vou ligar pra tua mãe.
- Que?
- Vou ligar pra tua mãe e vou contar pra ela toda esta imundície de relação aberta.
- Não. Deixa a mãe fora disso. Ela é cardíaca. Ia ficar chocada demais com isso.
- Vou ligar.
- Não. Espera. Tenho uma proposta pra te fazer.
- Fala, Nélio.
- Voltamos à estaca zero.
- Como assim?
- Paramos com esta coisa de relação aberta.
- Não.
- Como não?
- Sabe o que é?
- Fala, Magda.
- O Ué também faz umas coisas diferentes. Joguinhos.
- Abre esta porta, Magdalena.