quinta-feira, 30 de julho de 2015

A TEORIA DE TUDO



Carácoles. Ontem assisti a A TEORIA DE TUDO, um filme sobre Stephen Hawking, o genial físico britânico que se notabilizou por provar a existência dos buracos negros. O assunto dos buracos negros sempre me interessou sobremaneira. Aliás, só penso nisso.

Mas falando sério, minha ignorância e eu sempre ficamos impressionados com o gigantismo de certos seres humanos.

O cara, (que viria a se tornar um dos cientistas mais importantes do planeta)  muito jovem, contraiu uma doença degenerativa e os médicos lhe deram 2 anos de vida. Nesta época conheceu uma menina que se apaixonou por ele e resolveu abraçar a duríssima parada.  Tiveram 3 filhos e ficaram um bom tempo juntos. Forte, né?

Este ano andaram espalhando boatos que ele tinha subido, mas o físico ainda está vivo. Está com 73 anos e parece que ainda está ativo. É fantástico.

Vi o filme por 10 pila no NOW. Depois fiquei lembrando da época em que se pegava 3 ou 4 vídeos cassete na locadora. Era febre. Depois a gente começou a esquecer ou a não poder ver, ou a não ter saco de assistir aos filmes e pagava mesmo assim. Depois passamos a esquecer de entregar os filmes na segunda feira e pagávamos multas. Por fim, às vezes por um descuido maior, ficávamos com o vídeo uma semana em casa e quase íamos à falência. Ficávamos putos.


Os novos tempos tecnológicos criaram novas possibilidades e novos hábitos. As locadoras vão fechar. Os cinemas estão a perigo. O mundo anda muito rápido. É importante se segurar bem pra não cair.

UMAS BESTEIRAS DAQUELES VELHOS TEMPOS DE LOCADORAS:


Descobri na Oswaldo Aranha, aqui em Porto Alegre, acho que era fim dos 80, uma locadora barata. Pertencia a dois irmãos judeus, figuríssimas de filme do Woddy Allen. Era uma espécie de Sebo do vídeo. Não tinha lançamento, mas tinha muita promoção e tinha paredes e paredes de filmes. 

O segundo andar era dedicado só a pornô. A pornozada muito bem dividida em categorias. Corredores de pornôs. Fui lá uma ou duas vezes. Um perigo. Umas figuras esquisitas caminhando furtivamente por entre as prateleiras, escondendo a cara.  Tarados muitíssimo piores do que eu.


Lembrei também de uma vez que um casal de amigos foi numa locadora. Enquanto ele procurava os filmes, ela ficou ali pelo hall esperando, pois por ser sábado tinha muita gente e tava difícil transitar. Quando ele depositou os vídeo cassetes sobre o balcão, ela que era muito desligada, falou bem alto pra todo mundo ouvir. 

-AI, AMOR! 5 FILMES PORNÔ NÃO É DEMAIS? 

Meu amigo matou ela 3 vezes quando saíram dali.

Por falar em desligada, minha mãe chegou na locadora com um saquinho de lixo. Os filmes tinham ficado pendurados na árvore. Por sorte ainda deu tempo de pegar.

MEU VIZINHO FANÁTICO

Tenho um vizinho que vibra muito com os gols do Grêmio e vibra mais ainda quando o Inter leva. Até aí tudo certo. Gremista fanático.

Além disso, ele também tem o hábito de vibrar sempre que a seleção toma um gol. Constatei este fenômeno na Copa América. Talvez isto aconteça pelo fato do Dunga ter sido jogador do Colorado, quem saberá? Mas também tem o lance de que tem muito gaúcho que torce contra a seleção brasileira e isto pode ser a outra explicação.

Mas o que não consigo entender mesmo, é que o cara, às vezes, grita gol às 3 da matina. Já dei uma olhada no mapa de fusos e o sujeito certamente deve ser torcedor de algum time do Vietnam. Só pode ser.

Acho melhor acreditar nisso do que pensar que ele goste de assistir, durante a madrugada, a vídeos de partidas históricas do Grêmio e vibre quando revê os gols.

Um colega sugeriu que talvez, a esta hora, possa ser vibração com orgasmo ou até mesmo ereção. Falei pra ele que estas comemorações conheço bem. As dele são de gol mesmo. SOCORRO!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

HAVANA 63


Encontrei o Cesar. O Cesar é o Cesar Dorfman, um arquiteto elegante, que está pelos 74 , que também toca piano e é compositor. É irmão do Paulo, pai do Lúcio, tio do Michel e do Jorge, todos eles grandes músicos, bons amigos e colegas.

Foi o Cesar quem me reprovou na cadeira de projeto e me ajudou a deixar de vez a arquitetura. Os outros dois professores da matéria queriam minha aprovação, talvez pelo nome que levo, pois sou de uma família de arquitetos conhecidos no meio, mas o Cesar fincou pé e cortou meus naipes.

Minha mãe acha que foi vingança, pois Cesar, por sua vez, tinha sido reprovado por meu avô, que era malvadão, no Instituto de Artes. Todos brincamos um pouco com isto, mas ele de fato teve razão. Meu projeto estava capenga. Eu já andava tocando piano na noite, pegando gosto por não sair da cama de manhã cedo, e assim, estava fazendo a faculdade de qualquer jeito.

Não nos víamos havia mais de 12 anos, pois estive por outros pagos, e nos encontramos na Caverna do Ratão pra tomar uns chopes e conversar sobre um projeto musical.

Mas o que eu queria contar mesmo é sobre o presente que o Cesar, delicadamente, me ofereceu neste encontro. Um livro.

Um livro surpreendente, escrito por ele. HAVANA 63.

Só pra dar uma tinta, no ano de 1962 um estudante de arquitetura cubano baixou no Salgado Filho. Ele veio especialmente até nossa capital com a missão de convidar colegas e professores gaúchos para um congresso de arquitetura e urbanismo que se realizaria em Havana no ano seguinte.

Cesar, que estava com 22 anos, com mais 30 estudantes e um professor entraram num ônibus furreca e foram até São Paulo. Era uma manhã do dia 7 de setembro de 1963.

Dias depois, no porto de Santos, se juntaram a mais 300 colegas de várias outras localidades do país e da América do Sul e embarcaram num navio chamado Nadezhda Krupskaya (uma homenagem à companheira de Lênin) que a União Soviética tinha posto à disposição para o evento.

Veja só que grande aventura. Ir a Cuba 4 anos depois da invasão da ilha, quando se iniciou a revolução que transformou radicalmente o país e encheu uma parte do mundo de esperança, e outra parte de medo (a guerra fria estava no auge), e alguns meses antes do golpe aqui no Brasil. Quanto a este último dado, não precisa dizer que quem fez esta viagem adquiriu uma mancha política que acabou se tornando indesejável, e assim muita gente que participou desta jornada foi interrogada e presa algum tempo depois. O Cesar foi um deles. Ficou um mês em cana.

Mas voltando ao assunto da viagem, levaram duas semanas para chegar lá. Depois de ficarem um tanto intimidados com os rasantes que os caças norte americanos fizeram sobre o navio, quando este já se aproximava da ilha, os brasileiros foram recebidos num clima de festa e música. Cesar fala muito bem sobre sua grande emoção neste momento de desembarque, pois tinha ideais comunistas, como muitos outros jovens universitários daquela época.

Um dos pontos fantásticos desta estada em Cuba foi o discurso de Fidel, na praça de Havana, para meio milhão de pessoas, que Cesar assistiu de lugar privilegiado e Che estava por ali também, a 4, 5 metros de distância.

No livro tem o discurso que Che Guevara proferiu durante o congresso. Cesar lamenta não ter ido a um encontro informal que estudantes brasileiros tiveram com ele.

Outro fato que me chamou a atenção, e que não paro de achar engraçado, é que havia na comitiva alguns estudantes brasileiros com viés Trotskysta que planejavam fazer um manifesto em praça pública contra o rumo que a revolução cubana estaria tomando. Eles julgavam que a revolução de Fidel estava um tanto "coxinha" pro gosto deles. Cesar conta que ficou aliviado quando os colegas prudentemente desistiram de concretizar o tresloucado ato.

Vou parar por aqui, senão conto o livro todo. É muito bom de se ler. Que experiência maravilhosa, não é não?

Neste nosso rápido encontro no Ratão, lamentamos um pouco o fato de que quando somos jovens não damos a importância devida ao que passa na nossa frente. Quando jovens, achamos que somos eternos e talvez por causa disso, não tenhamos o devido cuidado com as preciosas pedras que vamos encontrando pelo caminho.

Fiquei emocionado ali naquela mesa de bar com o pequeno relato que o Cesar me fez a respeito de como resolveu escrever sobre este fantástico evento e para isto foi à cata de colegas pelo Brasil e por outros países da América Latina para tentar reunir material, fotos e depoimentos. Principalmente encontrar estas pessoas que tiveram a sorte, assim como ele, de ter esta riquíssima experiência, e conversar com elas, lembrar com elas e celebrar. Cesar, quase 50 anos depois, foi em busca das peças de um quebra cabeças que a memória perdeu, para poder registrar no papel, da melhor forma possível, um acontecimento tão marcante de sua vida. Uma viagem a Cuba no remoto anos de 1963.

Eu achei bonito demais. Quis compartilhar com vocês.




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quinta-feira, 23 de julho de 2015

ATENÇÃO, HOMENS! IMPORTANTÍSSIMA TÉCNICA DE CONTRA VENENO

A mulher acredita que marca um ponto importantíssimo na relação, quando pela primeira vez, faz com que o homem se sinta culpado por qualquer razão, e ele, aceitando a carapuça, fica ali quieto, com a maior cara de cachorro que lambeu graxa.

Mas é quando chora na frente do homem que a mulher começa a se realizar inteiramente na parada. Coisa que aniquila um homem é quando a mulher chora. É preferível mil vezes brigar a socos com alguém no trânsito do que ver a mulher chorar na frente da gente.

Agora escuta essa:Tenho um amigo que desenvolveu uma técnica genial, uma espécie de contra veneno, e utilizou dia destes.

No momento em que a mulher se pôs a chorar ele também começou a verter lágrimas. Quando ela viu aquilo, ficou um pouco desconfiada e quando ele sentiu isso, aumentou o pranto. Não vê que ele lembra da vozinha dele que morreu no fim do ano passado? E se comove muito com isso. Aconteceu um dia antes dela completar 100 anos. Muito triste.

Mas voltando ao assunto, quando a mulher viu que meu amigo estava se debulhando, limpou a cara e perguntou.

- Ei, por que que tu tá chorando?
- Não é nada, não sei...talvez melancolia...
- Melancolia de que?...ei!...quem era pra tá chorando sou eu!

Nessa hora ele conseguiu emitir dois soluços bem convincentes.

- Me fala logo. Por que tá chorando, Alberto?
- Nada...não é nada. Esquece.

Ele, com as mãos no rosto, podia ver pelas frestas que os olhos dela já eram pequenas fagulhas de ódio.

- Fala de uma vez, homem! Por que esse choro agora?

Então, meu amigo, utilizando-se da técnica desenvolvida pelas mulheres durante séculos, mandou esta:

- Pra que? Não ia adiantar nada mesmo...

A mulher perdeu a cor, virou as costas desconsertada, e sem dizer palavra, foi para o quarto, batendo a porta com estrondo.

Meu amigo foi em direção à cozinha soltando risadinhas de Mutley. Ele sabe que agora ela deve estar com as mãos na cintura, em frente ao espelho, recuperando dados e argumentos, procurando importantes cartas deixadas na manga.

Claro que ela vai voltar à carga, ele a conhece muito bem, mas ainda dá tempo de fazer um café fresquinho para espera-la. Café com um pedaço de torta de maçã, trazida agora mesmo do Super. Com este lanchinho ela vai diminuir 50% da brabeza, certamente, pois ela é gringa e comida geralmente funciona bem nestes casos. A primeira cena do filme Quatrilho confirma isto, quando Pilar oferece pra Pires um pedaço de salame pra tristeza passar.

Bueno...o café está pronto.

A porta do quarto se abre. Putz. Ela vem vindo.Me ponho a orar...quer dizer... o meu amigo...



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segunda-feira, 20 de julho de 2015

NUM RESTAURANTE DA SACÂNIA

Era um restaurante refinado chamado Falus&Bagus que pertencia a uma família oriunda da Sacânia.

Os garçons falavam em perfeito sacanês e saudaram efusivamente com o lema da casa ao digno casal que adentrava: " Vei tel fiuder", bradaram todos.

Depois deste pequeno cerimonial, sentaram-se à mesa e não perderam tempo para pedir de entrada as cobiçadas vúlvulas frescas. Havia regozijo no estabelecimento, pois era dezembro e é neste mês que as vúlvulas estão entumescidas ao extremo.

As bruschettas greladas viriam logo em seguida, acompanhadas de suculentas chotzas flambadas, mas resolveram antes que fosse feita uma pausa, para um rápido brinde com discretas doses de Piróc.

Depois sim, se dedicaram avidamente a degustar as bruschettas, que de tão caudalosas, pareciam tchecas.

De sobremesa optaram por cnus achocolatados pincelados com chupiscos marroquinos ao creme.

O café foi acompanhado com o genuíno biscoito Boquét recheado de alvíssimas porras vindas diretamente da província de Meusbadalum.

Como toque final, a casa, gentilmente, ofereceu ao nobre par uma caixa de bronhas cristalizadas, certamente a guloseima mais apreciada na Sacânia Central.

Sem mais, os belos cônjuges detiveram-se por breves momentos no hall principal, onde habilíssimos malabaristas equilibravam imensas cópulas de cristal nos grandes lábios, uma delicada alusão às Caralhadas, a principal festa folclórica da Sacânia.


Vendo-os ali, o Metre aproximou-se para incentiva-los a darem uma passadinha na sala de jogos para quem sabe tentarem as sorte numa rodada de Pica de Paus, mas pelo adiantado da hora declinaram e conformaram-se apenas em bater fotos em frente ao grande aquário, com as siriricas marinhas ao fundo. 

Um dos garçons, prestimosamente, cutucou a siririca mor com um fino escroto de metal, afim de que ela adquirisse mais rapidamente a tonalidade violácea que tanto encanta os admiradores deste exótico animal dos mares sacaneses.

Já na porta, o irretocável casal experimentou um pequeno constrangimento, quando, com lástima, notou  não possuir dinheiro em espécie, com exceção de apenas uma modesta moeda de 3 pênis, (uma vergonha para quem gastou quase duzentos smegmas na lauta refeição)  mas o manobrista não desmanchou o sorriso e em 15 segundos estava estacionando o impecável Menstrualis vermelho  em frente ao estabelecimento.  

A bordo do veículo, já tomando o rumo de casa, os pombinhos fizeram juras  de visitar a Sacânia num futuro próximo, quem sabe até no feriado de São Coitinho que se avizinhava, e animadamente se puseram a planejar sua viagem enquanto se deliciavam gulosamente com as fantásticas bronhas sacanesas, tão suculentas e açucaradas, que recém lhes haviam sido presenteadas. 

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sábado, 18 de julho de 2015

AGRADECIMENTOS TARDIOS, COMO SEMPRE

Eu não deixo ninguém postar nada no meu mural desde o dia em que alguém colocou ali dois tamanduás transando.

Então por conta desta minha atitude antipática de impedir postagens, as pessoas tiveram saco de escrever in box, ou aproveitaram outras publicações para mandar suas congratulações ao meu aniver.

Às felicitações que vieram in box respondi heroicamente, uma a uma. Claro que também aproveitei para pedir, de presente, um like na minha página de escritos.

Quanto às outras pessoas, meu agradecimento vai aqui. Obrigado de coração. Mesmo.  Se eu soubesse fazer aquele coraçãozinho com as mãos, faria um vídeo pra vocês, mas sempre me complico na hora agá  e o símbolo acaba resultando obsceno. Não sei o porquê.

Vou contar um segredo. Algumas pessoas que me parabenizaram in box fizeram um copy/cole de 4 ou 5 linhas nos 3 últimos anos. Tava ali nos anos anteriores como prova. Igualzim, sem tirar nem pôr. Sério. São parabenizadores profissionais, certamente.

E pra finalizar, outra coisinha e um recado. Muita gente, surpreendentemente, me desejou um feliz ano novo. Por favor, galera. Presta atenção! Não é ano novo. É A N E V E R S Á R I O!

Beijus e abraçus.


JULHO - 15

O JOTA 2



O Jota é meu amigo de longa data. Temos particularidades parecidas. Falamos pouco e nunca sorrimos.

Resulta que o Jota conheceu uma menina nova que chegou no bairro. Ela é fantástica. Aceitou beber umas cervejas com ele e a madrugada já ia avançada, então meu amigo resolveu que já era hora de inclinar-se por sobre a mesa para beija-la e quando isto aconteceu ela foi tomada por um surpreendente maremoto de volúpia que fez com que cravasse as unhas no braço dele, inclusive rasgando-lhe a camisa.

Depois que Waldemar (o garçom que trabalha neste bar que frequentamos) ouviu o grito do Jota e resolveu trazer Merthiolate pra passar no ferimento que lhe pareceu feio, meu amigo resolveu levar a mina em casa, afinal já era tarde mesmo.

Em frente à porta rolou mais um beijo e ela, possuída, se agarrou com loucura ao cinto e isto fez meu amigo sentir que tinham se rompido algumas alças do cós da calça.

Jota então tomou o rumo de casa, o braço ainda ardendo da unhada. Foi dirigindo e pensando que a menina, além de gostosésima, era um vulcão, era uma fera, era um fenômeno que merecia cuidado e estudo. Na sexta convidou pra sair e foram no Motel.

No momento em que saíram do carro, se abraçaram e quando os lábios se tocaram, o fervor fez a moça mastigar um pouco da língua do cara, que atazanado pela intensa dor, convidou-a para subirem logo de uma vez pro quarto e depois de fechar a porta Jota reparou no olhar fixo e insano da moça que falou em tom se súplica.

- Me maltrata?

O Jota, que é um cara experiente, que sabe das coisas, com ares de entendido, agarrou a mina pelo cabelo pra dar uma puxadinha, mas arregalou os olhos perdendo a classe, quando nesse momento ela começou a arfar ensandecida e a gemer, como que possuída por um espírito e num movimento mais brusco acertou uma cabeçada no meio da lata do meu amigo, que agora, na sala de sua casa, não desmancha as feições de tarado enquanto me conta tudo isto, mesmo tendo os olhos bastante arroxeados pelos hematomas. Jota abre a boca para que eu veja o dente que também foi atingido e está abalado. Ele mexe no dente com o dedo pra me mostrar como ficou mole, e vai me narrando o ocorrido com seu estilo lento, quase monótono.

- Cara, doía tudo véio, doía pra caralho, não sei o que que doía mais, o dente ou a língua, mas continuei, cara, continuei agarrando a mina e levei ela pra cama, mano, mas a mina se possuía tanto que caía da cama, meu, sacou? daí eu tinha de juntar e botar ali em cima de novo e agarrava mais e ela enlouquecia mais e me escapava e caia do outro lado véio, tu acredita nisso?

Notei que a sua voz era pastosa, talvez por causa da língua inchada e além disso, também tinha um pouquinho de assovio na fala, o que certamente estava acontecendo devido ao dente inclinado. Então perguntei.

- Caraca, brother. Sério isso? E aí?

- Cara, Na terceira vez que ela caiu, acho que ficou magoada, sei lá. Chorou um pouco e disse que era melhor parar com aquilo,  que talvez ainda não fosse o momento certo e que podia ser que eu ainda não estivesse preparado. Estas coisas...daí vazamos.

- Então não comeu.

Jota, sem nada responder, esboçou um sorriso enigmático. Ergueu-se da cadeira, e depois de um breve e teatral silêncio, falou.

- Vem aqui comigo.

Segui seus passos e quando entramos em seu  quarto, ele sentenciou.

- Não comi, brother... mas não passa desta semana.

Em cima da cama, reluzente e inteiramente almofadado, um uniforme completo de futebol americano. Capacete e tudo.

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sexta-feira, 10 de julho de 2015

MATEI O DANIEL



Eu tinha 5 ou 6 anos e estava na pracinha da Vieira de Castro.

Lembro que era uma tarde mormacenta e tinha ali uma gurizadinha tentando encontrar algo pra se entreter. Acho que estávamos fartos de balanço e gangorra.

Então, com uma pedra na mão, parei na frente do Daniel e disse.

- Quer ver como tiro um fininho da tua cabeça?

Eu gostava de jogar pedras, então atirei uma que passou pertinho e assim repeti a ação duas ou 3 vezes com sucesso, e o Daniel ali firme, corajoso, até que errei o cálculo e o cascalho acertou a pinha dele em cheio. Deve ter sido supercílio porque o sangue começou a jorrar rapidamente e em profusão.

Daniel saiu gritando pra um lado e eu  pro outro. Lembro que achei esquisito que a pracinha esvaziou imediatamente. A gurizada saiu toda correndo e isso me fez pensar que o que tinha feito era gravíssimo mesmo.

Entrei em casa berrando.

- Mãnhêeeee! Matei o Daniel, mãe! Matei ele com uma pedrada na cabeça!

Mais tarde, minha mãe me tranquilizou, quando voltou da casa dos pais do menino. Daniel tinha tomado 2 ou 3 pontos e estava bem. Me botou de castigo, é claro, e não se falou mais nisso.

No dia seguinte alguém me contou que o Daniel tinha dito que quando me encontrasse ia me matar. Lembro que  ficava na sacada, escondido, espreitando se via o Daniel na praça. Só depois de ter absoluta certeza de que ele não estava, me atrevia a descer.

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terça-feira, 7 de julho de 2015

SEXO VIRTUAL


Eles entraram pela madrugada teclando e o papo foi ficando capcioso. Ele estava bem animado com o rumo hot que a coisa tava tomando.

Achou que estava conduzindo muito bem a conversa e já se podia dizer que estava rolando, de fato,  um "virtual", até o momento em que ele ficou meio que  irritado quando a menina respondeu com uma figurinha de carinha sorridente.

Putz: "não é hora de mandar figurinha, menina. Virtual não tem figurinha".

Bem assim que ele pensou. 


Então resolveu digitar algo mais irado, pra quem sabe incendiar logo de uma vez. Escreveu com caixa alta e tudo, pra não deixar dúvidas.

VOU TE DEIXAR LOUCA MENINA VOU TE COMER TODINHA VC NAO VAI ACREDITAR

enter

Ficou esperando. Viu que ela visualizou a mensagem. O segundos foram se passando e ela não estava digitando nada. "Putz, será que fui fundo demais e ela ficou bolada"?

Foi bem assim que ele pensou. 


Mas eis que de repente chega a resposta da menina: Uma figurinha com sinal de positivo.

Ele viu aquilo e se possuiu. Ah, não!.... Saiu do PC chutando parede e gritando pela sala.

- Porra do caralho!... Dedão? Que que essa mina tem na cabeça? Manda dedão quando o virtual tá ficando quente? Parius!!!

Voltou pro PC e digitou.

APAPUTA

enter

Deu um exit e foi jogar vídeo game. 

Com o controle na mão não desmanchou a cara franzida, indignado que estava.

Mandar dedão bem na hora do virtual...mas que falta de sensibilidade que tem essa mina!? ...taquiuspa...

Bem assim que ele pensou.



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