O pessoal do interior já é um pouco diferente. Muitas vezes vi gente dizendo.
- Não sou muito de mar. Prefiro a beira de um rio, na fresca da tarde, mateando com os amigos.
Mas o porto alegrense gosta demais. É doido pela orla e pode passar os maiores sacrifícios só pra botar os pés na areia, mesmo que tenha o maior ventão castigando.
Eu fui viver no Rio de Janeiro e fiquei 12 anos ali, junto ao mar. Morei basicamente no Catete, a 5 minutos do oceano.
Comprei carretilha e tudo. Pescava nas tardes. Do lado direito o Pão de Açucar, do esquerdo o Santos Dumont. Boeings pra lá e pra cá.
Sempre achei assombrosos os aviões e ali podia vê-los em profusão, aterrissando e decolando, enquanto tentava pegar papa terras e corvinas.
Muitas vezes desci no Santos Domont e da janelinha via os pescadores e o parque. Me fazia bem chegar ao Rio de Janeiro. Por um bom tempo o Rio foi minha casa de verdade.
Gostava também de caminhar no Aterro do Flamengo, no parque que tem a vegetação escolhida a dedo por Burle Max. Pra quem não conhece, a Aterro é um lugar muito arborizado e amplo, frequentado por todas as classes sociais e certamente por ser assim tão democrático, tem a simpatia de toda gente.
Caminhava com a Baía de Guanabara na minha cara e assim compus umas cançõezinhas, bem no ritmo de meus passos. O Aterro do Flamengo é muito inspirador e quando chega o outono se torna mágico.
Amigos sulistas vez por outra me perguntavam se eu ia muito à praia. Acredita que não? A gente acaba esquecendo de ir à praia. Saber que o mar tá ali perto já é o bastante. Bastante pra dar um bom na alma, e de toda forma, a maresia sempre me alcançava pelas janelas do apartamento.
Agora to de volta à minha cidade natal. Fim de veraneio, tchê.
Gosto muito destas palavras sulistas. Veraneio, veranista, banhista... Banhista é muito engraçado, não é? Acho que ainda se usa o termo “banhista” no jornal, na época de verão. Este termo dá saudades.
Aqui até que tem rio, mas quase não serve. O rio que banha Porto Alegre é lindo, mas só pra olhar. Aconselhável não tocar nele, mas na Praia do Flamengo também nunca fui banhista e mesmo nos dias mais quentes não entrei. Tal como o Guaíba, a Baía é poluída.
Agora estou perto deste rio, que dizem que não é rio e escrevo isto tudo bem longe do mar, na frente de uma praça de Petrópolis, o lugar onde agora vivo.
É uma praça linda, que conheço desde guri , que agora tem árvores gigantes, e descobri que, surpreendentemente, os sabiás de Porto Alegre cantam muito mais loucamente do que os sabiás da Cidade Maravilhosa. Sabiás gordos que passam pela gente caminhando ansiosos e até nos assustam um pouco, porque nos dão a impressão de ratos. Quem é notívago como eu, sabe muito bem que um sabiá pode até encher o saco. Eles começam a cantar às 4 da matina.
Estou longe do mar, que gosto tanto, mas daqui a pouco vou tomar chimarrão sentado no banco da praça, exatamente no lugar onde joguei intermináveis partidas de futebol depois da aula. Isto, pensando bem, não deixa de ser uma espécie de mar. Né?
FC Novembro/14
https://www.facebook.com/pages/Cor%C3%B4nicas/1408993059364173?ref=hl
Sempre achei assombrosos os aviões e ali podia vê-los em profusão, aterrissando e decolando, enquanto tentava pegar papa terras e corvinas.
Muitas vezes desci no Santos Domont e da janelinha via os pescadores e o parque. Me fazia bem chegar ao Rio de Janeiro. Por um bom tempo o Rio foi minha casa de verdade.
Gostava também de caminhar no Aterro do Flamengo, no parque que tem a vegetação escolhida a dedo por Burle Max. Pra quem não conhece, a Aterro é um lugar muito arborizado e amplo, frequentado por todas as classes sociais e certamente por ser assim tão democrático, tem a simpatia de toda gente.
Caminhava com a Baía de Guanabara na minha cara e assim compus umas cançõezinhas, bem no ritmo de meus passos. O Aterro do Flamengo é muito inspirador e quando chega o outono se torna mágico.
Amigos sulistas vez por outra me perguntavam se eu ia muito à praia. Acredita que não? A gente acaba esquecendo de ir à praia. Saber que o mar tá ali perto já é o bastante. Bastante pra dar um bom na alma, e de toda forma, a maresia sempre me alcançava pelas janelas do apartamento.
Agora to de volta à minha cidade natal. Fim de veraneio, tchê.
Gosto muito destas palavras sulistas. Veraneio, veranista, banhista... Banhista é muito engraçado, não é? Acho que ainda se usa o termo “banhista” no jornal, na época de verão. Este termo dá saudades.
Aqui até que tem rio, mas quase não serve. O rio que banha Porto Alegre é lindo, mas só pra olhar. Aconselhável não tocar nele, mas na Praia do Flamengo também nunca fui banhista e mesmo nos dias mais quentes não entrei. Tal como o Guaíba, a Baía é poluída.
Agora estou perto deste rio, que dizem que não é rio e escrevo isto tudo bem longe do mar, na frente de uma praça de Petrópolis, o lugar onde agora vivo.
É uma praça linda, que conheço desde guri , que agora tem árvores gigantes, e descobri que, surpreendentemente, os sabiás de Porto Alegre cantam muito mais loucamente do que os sabiás da Cidade Maravilhosa. Sabiás gordos que passam pela gente caminhando ansiosos e até nos assustam um pouco, porque nos dão a impressão de ratos. Quem é notívago como eu, sabe muito bem que um sabiá pode até encher o saco. Eles começam a cantar às 4 da matina.
Estou longe do mar, que gosto tanto, mas daqui a pouco vou tomar chimarrão sentado no banco da praça, exatamente no lugar onde joguei intermináveis partidas de futebol depois da aula. Isto, pensando bem, não deixa de ser uma espécie de mar. Né?
FC Novembro/14
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