sexta-feira, 7 de novembro de 2014

INDIRETAS NO FACEBOOK





Os ânimos andam acirrados no Face. Tenho visto muitas discussões e até andei participando de algumas delas.

Ficamos por aí pela rede como verdadeiros Black Blocs da palavra, argumentando com rudeza, procurando as verdades que, caprichosamente, estão sempre mudando de lugar. A raiva vai temperando tudo.
Mas o que está aumentando, mais do que tudo no Face, são as indiretas. A rede tá cheinha de indiretas de todo tipo.

Muitas delas terminam com esta expressão: “Pronto, falei”. Acho tão bacana quando alguém fala isso. Nunca consegui um momento certo pra utilizar o “Pronto, falei”!

Outra coisa que acho engraçado é aqueles que postam uma frase e no final tem o “fui”. Daí você pensa que a pessoa foi dormir ou trabalhar. Mas você nota que ela continua conectada e daí a pouco até posta outra coisa. Ué? Mas ela não “foi”?

Perguntinha: a indireta é mais utilizada pelas mulheres? Ou só pelas mulheres? Calma, gurias! É só uma perguntinha.

O que eu gostaria de dizer é que detesto indireta, sabe por que? Porque penso que são todas pra mim. Sou o Ubaldo Paranoico (Personagem muito engraçado das tirinhas do Henfil) dos tempos de agora. Mesmo quando a indireta não parece fazer sentido (texto confuso mais erros de concordância e excesso de abreviaturas) eu leio e logo penso. Ih...acho que tem algo aí que é comigo...não sei não, mas devo tá envolvido. 


Paranoia gigante.

Isto me fez lembrar, e já tem algum tempo, eu estava numa festa e lá pelas tantas uma mulher entra na sala com um defumador (era uma das atrações da festa uma limpeza de maus fluídos) e vai passando pelos convivas fazendo fumacinha, meio que rezando, e de repente estanca na frente de uma moreninha e diz a ela

– Você vai ter de tirar os sapatos.

A menina, que tinha uma carinha de santa, constrangida começa a se descalçar e eu vendo aquela cena pensei: Putz, isto vai dar merda. Quando ela parar na minha frente e ler a quantidade de imundícies que passeiam na minha cabeça não vão me sobrar nem as meias. Me toquei pro banheiro. Fiquei lá escondido meia hora até terminar a função.

Outra parecida aconteceu na semana passada na fila da farmácia. Uma das meninas do caixa levanta a cabeça e, na ponta dos pés, fala em alto e bom tom:

- Tem alguém com gazes!

Eu pensei logo. Eita que já me descobriram. Olhei pra trás e tinha um baixinho com olhar concentrado, sorvendo o ar, pra ver se a afirmação procedia. Ao lado dele, uma senhora gordota com uma cara de “não fui eu”. A menina, sem ter resposta, repete a frase, agora em tom de pergunta:

- Tem alguém aí com gazes?

Eu ia falar qualquer besteira quando ela complementa:

- Gazes, aquele curativo de ferimentos. Tem alguém? 


Então respiramos todos aliviados. Literalmente.

Só pra terminar, aí vai um pequeno recado aos navegantes. Quem posta indiretas vai me acertar de qualquer jeito. Dirigidas a mim ou não. Sou para raio de indireta.

Mas agora o que eu queria mesmo era criar uma indireta bem legal pra atingir aqueles que mandam indireta. Ah, Já sei. Boa!

Olha só! Presta atenção! É. É com você. Você mesmo. Não disfarça. Olha pra cá. É um recado pra você, ô pessoa indireteira. Aí vai!

“Quem com ferro fere, confete pedacinho de saudade”.

Pronto, falei!

Fui.

Helôou, to aqui ainda.

Fui de novo. Hehehehe.

Agora fui mesmo.





Fernando Corona

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