sábado, 28 de fevereiro de 2015
O NENÊ DO MEU AMIGO JORGE
O nenê já estava com 8 meses, era um touro, mamava sem parar, acordava a todo momento berrando de fome e a mãe estava cansada, exausta de alimentar o gorducho, e meu amigo que é um grande contrabaixista, penalizado, no meio da madrugada, pega o menino e o leva pra sala, pra mulher poder descansar um pouco, quem sabe até dormir, mas o nenê grita mais que Pavarotti, vermelho, ensandecido, e o pai, que começa a caminhar com ele de uma canto ao outro da sala, resolve ligar a TV, pra quem sabe criar um novo ponto de atração, pois canções de ninar parecem irritar ainda mais o possante, e quando a imagem surge, se pode ver uma loira dançando nua em cima de uma cama, com uns peitos enormes, não vê que a TV tinha sido desligada no Hot Chanel? e resulta que o menino chamado à atenção pela cena, estanca imediatamente o choro, e fica como que hipnotizado por aquelas mega tetas balançando à sua frente, aquilo é uma usina, não há dúvida, e meu amigo atônito, sem saber ao certo o que fazer, resolve trocar de canal, afinal de contas isso está por demais insólito, mas com a entrada dos desenhos animados o garoto abre o tarro novamente, irritado, gritando com fúria para a tela onde brilha Bob Esponja, e meu amigo então retrocede o canal, e lá ainda está a loira exibindo suas peitarras prum grandão deitado numa cama e novamente se faz a mágica, o menino cessa o pranto, e soluçando, até esboça um sorrisinho, o olhar fixo na TV salvadora e é nesse momento que se ouve uma voz.
- Mas o que é isso, Jorge?
É a mulher de meu amigo entrando na sala, gritando.
- Você é doente, Jorge? Não acredito! Você tá assistindo a estes filmes com o Paulinho no colo? Demente!
- Não é nada disso. É que foi o jeito de ele parar de chorar. Ele só se cala quando olha pra esta loira. Quer ver eu mudar de canal? Ele vai berrar. Olha só.
Dito isso, meu amigo troca pro Cartoon, mas o Paulinho, pra sua enorme surpresa, continua tranquilo, soluçando cansadinho.
A mulher, furiosa, retira a criança das mãos dele e volta a passos largos pro quarto, vociferando pelo corredor;
- Você é doido. Jorge! Vou te internar num manicômio, ô sem noção!
Meu amigo fica paralisado, no centro da sala, remoto na mão, olhando os coloridos cartoons passando na tela.
- Taquiuspariu, murmura antes de desabar sobre o sofá e ouvir a porta do quarto sendo fechada com estrondo.
FC – fevereiro – 15 - pOa
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
XADREZ
Já faz algum tempo que jogo xadrez na Internet. Jogo com gente de vários lugares do mundo. Argentinos, Venezuelanos, Romenos, Franceses e alguns Brazucas.
O jogo de xadrez pode parecer aborrecido e lento à primeira vista, mas depois que você pega a manha e descobre alguns truques, as mágicas começam a aparecer e uma adrenalinazinha se aponta.
Você fica doidão quando começa a criar conexões mais engenhosas, e fica assombrado com a grande variedade de situações que se criam.
O próprio Kasparov, considerado o maior jogador de todos os tempos, disse que apesar de ser um enxadrista de grande experiência, este jogo ainda o surpreende com situações por ele ainda nunca vistas.
Algumas pessoas fazem uma analogia entre o jogo de xadrez e a vida.
Eu já descobri, por exemplo, que nesse jogo há certas coisas que não devem ser feitas de jeito nenhum, sob pena de você perder o jogo em poucos lances. A vida também tem muito disto. Algumas coisas realmente não devem ser feitas.
Outra parada. É importante estar atento a todo e qualquer lance. Muitas vezes, o avanço de um modesto peão pode significar o início de seu fim.
Mas o mais importante descobri dia destes quando estava assistindo a uma partida entre dois caras. Quando a gente assiste ao jogo dos outros, enxergamos com clareza os erros que são cometidos, as chances não aproveitadas, as perdas de tempo, então podemos equivocadamente tornarmo-nos críticos e logo fazer um juízo, e também, podemos ingenuamente acreditar que se formos jogar com qualquer um deles, vamos ganhar com facilidade. Na prática não é bem assim.
Quando você senta ao tabuleiro, se torna responsável pelas iniciativas que vai ter e pelos reflexos e resultados que elas vão causar. Cada jogada é uma jogada. Há que decidir o próximo passo. Sempre. É jazz.
Criticar os outros é muito fácil, pois não é a sua vida nem o seu jogo. Quando você cai na raia é que o bicho pega. Você tem de se virar, pois é você quem está jogando e o tempo corre. Como na vida, é bom que não se perca tempo. No fim do jogo talvez não te sobre tempo pra fazer o que devia ou queria ter feito.
O xadrez é um jogo muito complexo e para estar entre os melhores jogadores do mundo há que se iniciar muito cedo. Estes são os chamados Grandes Mestres. Todos tem uma memória prodigiosa e sabem de cor várias partidas históricas e famosas. São capazes de jogar de olhos vendados, sem ver o tabuleiro, e também jogam partidas comemorativas simultâneas contra (às vezes 16 contendores) amadores e semi profissionais.
Este jogo tem muita história e muitas lendas. Tem um bom filme sobre o tema, chamado “Lances Inocentes” que conta a história de um menino de Nova York que se pensava ser o sucessor de Bobby Fischer, um Grande Mestre yankee maluquíssimo que peitou os russos na época da guerra fria, pela década de 60. Os russos, até aquele momento, tinham hegemonia no xadrez. Lá, este jogo sempre fez parte do currículo escolar.
Xadrez é fantástico. Jogo constantemente. Ainda mais agora que andam falando muito por aí que é uma boa forma da gente se manter afastado do “alemão”.
O jogo de xadrez pode parecer aborrecido e lento à primeira vista, mas depois que você pega a manha e descobre alguns truques, as mágicas começam a aparecer e uma adrenalinazinha se aponta.
Você fica doidão quando começa a criar conexões mais engenhosas, e fica assombrado com a grande variedade de situações que se criam.
O próprio Kasparov, considerado o maior jogador de todos os tempos, disse que apesar de ser um enxadrista de grande experiência, este jogo ainda o surpreende com situações por ele ainda nunca vistas.
Algumas pessoas fazem uma analogia entre o jogo de xadrez e a vida.
Eu já descobri, por exemplo, que nesse jogo há certas coisas que não devem ser feitas de jeito nenhum, sob pena de você perder o jogo em poucos lances. A vida também tem muito disto. Algumas coisas realmente não devem ser feitas.
Outra parada. É importante estar atento a todo e qualquer lance. Muitas vezes, o avanço de um modesto peão pode significar o início de seu fim.
Mas o mais importante descobri dia destes quando estava assistindo a uma partida entre dois caras. Quando a gente assiste ao jogo dos outros, enxergamos com clareza os erros que são cometidos, as chances não aproveitadas, as perdas de tempo, então podemos equivocadamente tornarmo-nos críticos e logo fazer um juízo, e também, podemos ingenuamente acreditar que se formos jogar com qualquer um deles, vamos ganhar com facilidade. Na prática não é bem assim.
Quando você senta ao tabuleiro, se torna responsável pelas iniciativas que vai ter e pelos reflexos e resultados que elas vão causar. Cada jogada é uma jogada. Há que decidir o próximo passo. Sempre. É jazz.
Criticar os outros é muito fácil, pois não é a sua vida nem o seu jogo. Quando você cai na raia é que o bicho pega. Você tem de se virar, pois é você quem está jogando e o tempo corre. Como na vida, é bom que não se perca tempo. No fim do jogo talvez não te sobre tempo pra fazer o que devia ou queria ter feito.
O xadrez é um jogo muito complexo e para estar entre os melhores jogadores do mundo há que se iniciar muito cedo. Estes são os chamados Grandes Mestres. Todos tem uma memória prodigiosa e sabem de cor várias partidas históricas e famosas. São capazes de jogar de olhos vendados, sem ver o tabuleiro, e também jogam partidas comemorativas simultâneas contra (às vezes 16 contendores) amadores e semi profissionais.
Este jogo tem muita história e muitas lendas. Tem um bom filme sobre o tema, chamado “Lances Inocentes” que conta a história de um menino de Nova York que se pensava ser o sucessor de Bobby Fischer, um Grande Mestre yankee maluquíssimo que peitou os russos na época da guerra fria, pela década de 60. Os russos, até aquele momento, tinham hegemonia no xadrez. Lá, este jogo sempre fez parte do currículo escolar.
Xadrez é fantástico. Jogo constantemente. Ainda mais agora que andam falando muito por aí que é uma boa forma da gente se manter afastado do “alemão”.
fc - 15 - janeiro - pOa
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