domingo, 17 de novembro de 2019

DIETAS

Detesto os veganos. Intragáveis. Assim como os vegetarianos. Hipócritas que não ficam atrás.

Pior que estes, só os carnívoros. Aos carnívoros não dirijo a palavra.

Gosto mesmo é dos ovíparos,

dos soníferos,

dos soporíferos,

Dia destes saí com uma conífera
de bela copa.
Que conquistei com papo mortífero
e de pouco enfeite.
E acabou que comífela,
com bastante azeite.
Bem embaixo de um semáforo
ali da Goethe.

Bah.

Por falar nisso:

É do Lupicínio uma canção chamada NAVIO NO PORTO que tem uma estrofe pra lá de esquisita que vai assim.

"Nunca se deve trocar
o amor velho pelo novo
galinha que come ovo
tá pedindo pra morrer
a mesma coisa acontece
na vida de uma pessoa
quem troca de amor à toa
tá pedindo pra sofrer."

Certa feita, num sarau de Antonio Villeroy no Rio de Janeiro, cantamos este samba pro Caetano, que ficou duplamente surpreso. Surpreso por não conhecer a canção - Caetano é uma enciclopédia da MPB - e surpreso também pela poética maluca do Lupi.

Daí fui dar uma pesquisada no troço e fiquei sabendo que tem galinha que descobre que ovo é bom de comer e daí só matando.

Por falar em ovo, hoje li por aí, num post político, o seguinte ditado.

GALINHA QUE SEGUE PATO, ACABA MORRENDO AFOGADA.

Uma colega do face disse que riu, mas não entendeu. Eu tampouco. A vida tem andado assim, em completo desalinho.

Então estes tempos resolvi inventar um ditado.

LAGARTIXA QUE SE PREZA NÃO COME CABEÇA DE BARATA.

Não faz sentido nenhum, mas pode impressionar bem numa discussão acalorada.

Ditado que acho impressionante?

QUEM COM FERRO FERE, CONFETE PEDACINHO DE SAUDADE.

é o que tem.
é o que tem
é o que tem
é o que tem
é o que tem meu bem.

Bah. Me alcança meus remédio.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

NO AÇOUGUE

Caraca.

Minha mãe tem trauma antigo com açougueiro. Então, quando é pra comprar alcatra, sou eu quem vai.

E ela tem plena certeza de que os açougueiros me respeitam e me dão pedaços fantasticamente bem cortados e limpos.


O que tenho de fazer é simples.  Devo pedir dois quilos de alcatra do meio bem limpo. Só isto e nada mais do que isto. Se o atendente quiser qualquer explicação a mais, volto a repetir a mesma frase, lenta e pausadamente..

ME DÁ, POR FAVOR, DOIS QUILOS DE ALCATRA DO MEIO BEM LIMPO

Dia destes cheguei no balcão de carnes do Zaffari e,como sempre, pedi dois quilos de alcatra do meio bem limpo pra um atendente que eu nunca tinha visto antes.

O cara, que pareceu não ter muita intimidade com o ofício, me mostrou um pedaço de carne e falou algo confuso. Eu pedi que limpasse bem.

Enquanto o cara limpava, passou a entabular uma conversa com uma colega e o assunto era sobre um outro sujeito, que devia ser um colega, um desafeto, que merecia levar uma facada, que da próxima vez ele ia pegar aquela faca e ia cravar no cara e eu olhando o celular, notava que o cara falava com a mulher, mas dirigia o olhar a mim, pra buscar minha cumplicidade. Estas coisas chatas de machão.

Eu não levantei os olhos do aparelho. Não dou nenhum tipo de aval a este tipo de conduta mala.

O cara limpou a carne, e na pesagem, o resultado foi de 2 kg e 95g e o cara se vangloriou da exatidão do corte. Então eu disse a ele que para o bem da verdade, aquilo estava longe de ser exato, mas não tinha problema, eu levaria assim mesmo.

O rapaz então começou com uma ronha de que eu poderia pedir um desconto no caixa e lançou mais alguns disparates que não fiz questão de tentar entender, mas pude notar que ele estava realmente bastante alterado. Era um tipo forte, olhar burro, perfeito estilo bolsominion. Tive vontade de perguntar se ele iria me enfiar aquela faca, mas preferi sorrir, agradecer e sair o mais rápido possível daquela onda ruim.

Agorinha mesmo estava dirigindo e ouvi no rádio a notícia de que um empregado do Zaffari matou outro a facadas. O motivo: Depressão.

Bah.

Ah Tá

No momento em que atendi ao telefone, notei que havia irritação em sua voz.

- E aí, Corona? Tu vai vim?

Respondi com outra pergunta.

- Vim com M ou com N no final, Ciça??!!
(O nome é falset por razões óbvias.)

Daí então ela se encheu de razão, e pra jogar luz sobre minha gigantesca ignorância, mandou a frase com voz estridente e esticada, repleta de sarcasmo e ironia:

- Com M, néééééé Corona?!

Então usei minha resposta preferida de forma rápida e quase inaudível.

- Ah, tá.

Houve uma pausa e ela voltou à carga, ainda caprichando nos agudos.

- Vai vim, então?

Repliquei sem pestanejar.

- Vou im sim.
- Ah tá.

Ela também gostava dessa resposta.