Todas as pessoas tem seus ídolos e sonham constantemente com um encontro com eles.
Um encontro para um autógrafo ou para uma troca rápida de palavras, talvez um abraço ou quem sabe até uma foto. Isto sim poderia ser o máximo, pra arquivar o fato no histórico e depois lembrar.
Todas as pessoas sonham com um encontro.
Na verdade, nem precisa ser com um ídolo.
Pode ser com a consagrada figura da possível metade da laranja.
Pode ser com alguém que traga as respostas pras mais difíceis perguntas. O encontro com o mestre.
Pode ser um impossível encontro com algum personagem da história.
Quando li “O general em seu labirinto” de GGMarquez onde ele conta como teriam sido os últimos momentos de Simon Bolivar, acometido pela fatal tuberculose, pensei na possibilidade de voltar no tempo e entregar penicilina nas mãos do pobre homem que padeceu de febre por anos. Não senti isto tanto por admirar o personagem. Acho que foi mais por pena mesmo, pois a narrativa do escritor é pungente.
Também existem pessoas que deliram ao imaginar um encontro com Deus e eu é que não quero saber deste encontro tão cedo. Nem com Deus nem com qualquer outro ente espiritual. Pelo menos não nos próximos duzentos anos.
Alguns de meus ídolos musicais já não estão mais por aqui. Dos que estão, não tenho dúvida, gostaria de encontrar Stevie Wonder, que pra mim sempre foi a expressão musical mais assombrosa entre tantas que conheço. Assaria um churrasco pra ele e no final tocaria violão com mãos engraxadas de costela pro cara cantar “You are de sunshine of my life”, que é a canção que me enfeitiçou aos 15 e é a canção que me enfeitiça à beira dos 58.
Mas quer saber com quem eu gostaria de me encontrar? Quer mesmo?
Eu gostaria de ter um encontro com este cara que tenho por dentro. Este outro “eu” que brinca comigo todo o tempo. Certamente ele faz estas pilhérias enquanto durmo, enquanto não estou vigiando a casa da minha cachola.
Os especialistas chamam este babaca de subconsciente. Será isso?
Queria ter uma boa conversa com ele. Ia perguntar o porquê de às vezes ir pra cama destroçado da alma e no dia seguinte despertar renovado, como se nada houvesse acontecido. E o pior. Queria saber o motivo de adormecer vibrando com a vida e pensando que “agora vai” e acordar com a sensação de que um caminhão passou por cima do meu espírito.
Por que me nasciam espinhas nas vésperas das grandes festas?
Por que as gripes acontecem perto dos shows importantes?
Queria falar com este cara. Levar um papo reto. Ia ser bem sincero com ele. Lhe diria na lata;
- Pô, véio! Tu atrapalha pra caralho!
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