- Putz. Hoje não prenderam ninguém.
- É.
- Tédio, viu?
- Eu não gosto.
- De que?
- Quando prendem. Fico nervosa.
- Eu, atualmente, só gosto disso. Todo o resto acho um saco.
- Sério? Você tá muito neurótico com isso tudo.
- Sério. Fiz até uma planilha no meu quarto. Quase toda a parede.
- Não acredito.
- É. Com os nomes dos presos, partido, estado, quantia desviada, quantia devolvida, uma planilha bem completa.
- Mesmo?
- É. Ficou linda. Ficou gigante.
- Bacana.
- Queres ir lá conhecer?
- Teu quarto? Já conheço. Aliás, tô careca de conhecer teu quarto.
- Minha planilha você não conhece. Vamos?
- Pra que? Você acabou de dizer que o resto tudo é um saco.
- Tomamos uma cervejinha.
- E aí?
- Coloco uma musiquinha.
- E?
- Aí você dá uma olhada na planilha, pode dar alguma sugestão.
- Taquiuspariu, Alberto, que ideia fixa essa. E aqueles dias que você me prometeu no Itaimbezinho?
- Pois é. Acho que não vou ter recesso.
- Que recesso, caralho?! Você tá desempregado, homem!
- É mesmo. Você tem razão, querida. Bom. Acho que uns dias a gente podia tirar sim. Mas vou ter de digitalizar minha planilha pra poder levar pro Canion e acompanhar a movimentação.
- Putz. Isso não vai dar certo.
- Vamos indo?
- Por que essa pressa toda?
- STF, daqui a pouco, expondo suas covardias na TV Justiça ao vivo e a cores.
- Vai à merda, Alberto.
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