Tinha bebido umas que outras e, não sei como, acabei caindo pra dentro do dancing da hora. Troço lotado. Fauna intensa e variada. Tô observando, espreitando. De repente vejo uma moça com olhos de fada. Tá me olhando. Não tira os olhos de mim e me certifico completamente disto. Não há dúvida. Não tem erro. Então dou um talagaço na ceva pra me encorajar e me aproximo.
- Oi.
Acho que minha voz sai fraca, pois ela continua com aquela expressão de coruja que presta atenção. Volto a repetir.
- Oi.
- Oi, ela responde.
- Tudo bem?
- Até agora tudo bem.
- E aí?
- Aí o que?
- Reparei que você tava me olhando.
- Eu? Te olhando?
- É.
- E por que eu estaria te olhando?
- Sei lá. Me dando letra.
- Letra pra você? Tás doido?
- Parecia.
- Você tá viajando.
- O que você tava olhando, então?
- Ah, sei lá... o movimento do barzinho. Normal.
- Ah, tá. Bom. Desculpe, então.
- Sabe que você parece o Tio Epa?
- E quem seria o Tio Epa?
- É tio do meu avô. Tem um retrato na casa da minha vó.
- Hum.
- Você parece com ele, só que bem mais velho.
- Bom. Tô indo, então.
Nesse momento começa a tocar o Despacito e a moça se anima. Me pega pela mão e me leva pro meio da pista.
- Dança só essa comigo, Tio Epa!
Não me faço de rogado. Entro mandando ver no meu balanço, mas quando vou demonstrar meu estilo clássico, descubro que há uma coreografia a ser seguida. Recuperado da amarga surpresa, vou tentando copiar aquela parada ridícula quando vejo o Neco Bocão entrando no bar. Neco é o maior fofoqueiro do meio musical. Vai espalhar aos quatro cantos que me pegou coreografando o Despacito. Pra me esconder do cara e escapar da galhofa, resolvo dançar agachado, mas passado um minuto, minhas panturrilhas ardem e surge o temor de me borrar nas calças em algum movimento mais brusco. Para minha surpresa, o dance todo tinha achado que meu passo era uma boa ideia e já me acompanhava dançando de cócoras. Como o disfarce já não servia, resolvo levantar e é aí que me estira o ciático, uma coisa de outro mundo, pois até a língua fica dura e a dor aguda me faz criar um novo movimento com uma perna completamente rígida e este passo é imediatamente seguido pela galera ensandecida e desta forma a dancinha do Despacito se torna algo assim como um exército de zumbis se desmanchando.
Bueno. Talvez isto tudo tenha me feito ganhar pontos com a menina e uma hora depois, estamos bem engalfinhados num canto escuro. Perdi as contas da quantidade de Smirnoffs Ice que a vi tomar e isto, somado aos cigarros que ela fuma lá fora toda hora, faz seu hálito lembrar sarcófagos de faraós ou até mesmo jaulas de mico leão. Apesar desta fantástica maresia, o beijo é uma delícia e ela parece gostar demais do assunto, pois nos momentos em que cesso o amasso para respirar um pouco, beber ou espiar o movimento, a menina imediatamente coloca a língua dentro de minha orelha e lambe com fúria e esta função me deixa a vista turva, impedindo que eu consiga enxergar qualquer paisagem e até mesmo de trazer o copo até a boca, tamanho o torpor, e então só me resta me concentrar aparvalhado naquele êxtase de roto rooter e tentar esquecer qualquer ponta de preocupação quanto ao surgimento de uma otite média na segunda feira.
No fim da noite, na fila do caixa vamos nos despedindo. Depois de um chupão de roubar amídala, ela me olha compenetrada.
- Tio Epa? Se tu tirasse um pouco dessa barba, acho que ficava um pouco mais decente.
- Tu acha?
- Acho sim. Tu parece desses comunista que tem por aí. Esses Lula.
- Não gostas do Lula?
- Eu não. Detesto. Gosto é da Dilma. Essa sim, pra mim, é rainha.
- Tu curte política?
- Dou meus pitacos. Olha só. Aqui no sul, odeio a Ana Amélia que eu chamo de Cruela Devil, mas o Lasier é o cara mais inteligente que tem.
- Bah!...sério?
- Tô te falando. Se eu encontrasse ele na balada eu até beijava.
- Não acredito.
- Por que não? Se eu beijei até tu, tio Epa, tu acha que eu não beijava o Lasier?
Nesse momento fiquei por demais irritado. Mandei.
- Quer saber de uma coisa? Apaputa!
- Ai, tio Epa. Não fala assim que eu xono.
Voltou a me beijar e agarrou minha nádega com decisão na frente de toda galera. Entrou no Uber e se foi e me restou zanzar mais um tanto por uma Cidade Baixa já deserta, tropeçando por meio fios e e divisores de trânsito.
Antes de entrar em casa, fazendo xixi no jardim, olho pras estrelas nessa madrugada fresquinha. Acho que foi alguém que me ensinou que é importante fazer isso. Olhar estrelas. Volto então a pensar na balada e não tenho certeza, mas se não me engano, a menina se chama Kristellen. Fico então a imaginar que Kristellen deve ter uma irmã de quinze de nome Jenniffer e um irmão de doze chamado Robson que é colorado. Me imagino namorando Kristellen e sentado no sofá da sala consolando Robson por seu time ter de permanecer mais um ano de segunda divisão. Tal pensamento me faz rir e acabo me mijando todo e isto me leva a gargalhar e a risada incontrolável me traz a tosse e a tosse me faz vomitar um tiquinho e tudo isso junto me faz perder o equilíbrio e conformado, mergulho de barriga no meio de azaleias e margaridas.
Depois de entender o que havia acontecido, me ergo, me limpo um pouco e entro em casa, não sem antes dar mais uma olhada nas estrelas. Agora sim. Hora de dormir, professor!
O estômago aos coices.
O ouvido borbulhando, é claro.
E a alma?
Ah...
A alma pulando corda.
sábado, 29 de julho de 2017
segunda-feira, 24 de julho de 2017
MEU MEDO MAIOR
Tenho tido pesadelos recorrentes que via de regra acabam em choro.
Sempre com a Ivete.
Num deles, tô pelado, sentado no chão e a Ivete tá de pé na minha frente. Ela é gigante. Tem uns sete metros de altura e me mira com fúria. De repente grita com aquele sotaque baianês e o som parece um navio.
- Faça posição de lótus, menino!!!
Então eu tento obedecer à ordem, mas como sou fofo, no momento em que cruzo as pernas, caio pra trás e bato com a cabeça no solo com estrondo, enquanto os pés cruzam os ares num movimento de pêndulo. É aí que abro o bocão e começo a chorar.
Quando cesso o pranto e procuro a figura dela novamente, vejo que está deitada numa camona, desta vez me fitando com olhar carinhoso. Então, ela fala com voz doce.
- Venha aqui menino. Suba em mim.
Levanto e inicio a escalada com certa dificuldade, mas depois de alguns minutos, estou encarapitado no peito daquele Ivetão tão lindo que continua com um olhar meloso e passo a mão naquela pele tão suave e caio na real de que estamos pelados e me encorajo até a dar umas bicocas na parte sul do seio esquerdo quando ela diz, com voz sensual.
- Bom menino que você é. Agora você pode pedir o que quiser.
Neste instante, olho pra trás e embevecido com aquelas coxas que parecem um continente, acabo reparando na altura estapafúrdia em que me encontro e num sobressalto volto a chorar, fazendo meu pedido entre soluços.
- Eu quero descer.
Vou contar um troço.
Uma coisa que eu tenho medo nessa vida é de que a Ivete goste de mim.
Eu sei, eu sei, a chance é de uma em vinte e quatro quaquilhões, mas sempre há uma possibilidade.
Minhas músicas andam por aí, pela rede. Vá que um dia ela, folhando o YouTube, escuta, sem querer, uma de minhas canções e alguma conjunção de acordes e melodias precipite uma reação de enfeitiçamento fazendo ela ficar curiosa.
- Quem é esse menino que faz essa música gloriosa?
- É um cara lá do sul. Um tal de Corona.
- Do sul, é? E como ele é?
- Um momento, iluminada. Estamos checando o feicibuqui dele.
- Cheque que eu espero.
- Já temos a informação, amada.
- Diga, paixão.
- Parece gordo.
- Fofo, é?
- Fofo e baixo, ensolarada. Quase um anão.
- Hum. Mesmo, é?
- É. E careca.
- Careca, é?
- E coroca também, glamurosa .
- Coroca também, é? Mas que porra do caralho!!!...bom...não importa...me tragam de qualquer jeito esse menino tão melodioso e arretado.
Já pensou? Tá louco, meu! Prum lance desses eu tenho de me preparar. Pelo menos uns dois anos de academia! Se não, é infarto na certa. Tenho de voltar a ser aquele cara atlético que escalava a Pedra do Arpoador pela face mais íngreme. Se não é derrame, meu, é boca torta.
Bah. Coisa que tenho pânico nessa vida é que a Ivete goste de mim.
A Anitta? A Anitta, que é mais pequititinha, até encaro, se calhar dela gostar de mim. E por que não? Bom... e se a reconhecer também, é claro.
Sempre com a Ivete.
Num deles, tô pelado, sentado no chão e a Ivete tá de pé na minha frente. Ela é gigante. Tem uns sete metros de altura e me mira com fúria. De repente grita com aquele sotaque baianês e o som parece um navio.
- Faça posição de lótus, menino!!!
Então eu tento obedecer à ordem, mas como sou fofo, no momento em que cruzo as pernas, caio pra trás e bato com a cabeça no solo com estrondo, enquanto os pés cruzam os ares num movimento de pêndulo. É aí que abro o bocão e começo a chorar.
Quando cesso o pranto e procuro a figura dela novamente, vejo que está deitada numa camona, desta vez me fitando com olhar carinhoso. Então, ela fala com voz doce.
- Venha aqui menino. Suba em mim.
Levanto e inicio a escalada com certa dificuldade, mas depois de alguns minutos, estou encarapitado no peito daquele Ivetão tão lindo que continua com um olhar meloso e passo a mão naquela pele tão suave e caio na real de que estamos pelados e me encorajo até a dar umas bicocas na parte sul do seio esquerdo quando ela diz, com voz sensual.
- Bom menino que você é. Agora você pode pedir o que quiser.
Neste instante, olho pra trás e embevecido com aquelas coxas que parecem um continente, acabo reparando na altura estapafúrdia em que me encontro e num sobressalto volto a chorar, fazendo meu pedido entre soluços.
- Eu quero descer.
Vou contar um troço.
Uma coisa que eu tenho medo nessa vida é de que a Ivete goste de mim.
Eu sei, eu sei, a chance é de uma em vinte e quatro quaquilhões, mas sempre há uma possibilidade.
Minhas músicas andam por aí, pela rede. Vá que um dia ela, folhando o YouTube, escuta, sem querer, uma de minhas canções e alguma conjunção de acordes e melodias precipite uma reação de enfeitiçamento fazendo ela ficar curiosa.
- Quem é esse menino que faz essa música gloriosa?
- É um cara lá do sul. Um tal de Corona.
- Do sul, é? E como ele é?
- Um momento, iluminada. Estamos checando o feicibuqui dele.
- Cheque que eu espero.
- Já temos a informação, amada.
- Diga, paixão.
- Parece gordo.
- Fofo, é?
- Fofo e baixo, ensolarada. Quase um anão.
- Hum. Mesmo, é?
- É. E careca.
- Careca, é?
- E coroca também, glamurosa .
- Coroca também, é? Mas que porra do caralho!!!...bom...não importa...me tragam de qualquer jeito esse menino tão melodioso e arretado.
Já pensou? Tá louco, meu! Prum lance desses eu tenho de me preparar. Pelo menos uns dois anos de academia! Se não, é infarto na certa. Tenho de voltar a ser aquele cara atlético que escalava a Pedra do Arpoador pela face mais íngreme. Se não é derrame, meu, é boca torta.
Bah. Coisa que tenho pânico nessa vida é que a Ivete goste de mim.
A Anitta? A Anitta, que é mais pequititinha, até encaro, se calhar dela gostar de mim. E por que não? Bom... e se a reconhecer também, é claro.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
O PERIGO DO SUCO VIVO - MUITO CUIDADO
Sempre fui e continuo sendo uma frágil plantinha. Por isto, necessito cuidados extremos e constantes e talvez também por isto, minha mulher tenha chegado em casa com a novidade do suco vivo.
Pra proteger minha saúde, eu teria de tomar o tal suco, que consistia na mistura de um suco de frutas, maçã, uns brotos de sementes de girassol, inhame e a abominável couve.
Deviam ser duas da tarde quando o pau bem mandado aqui ingeriu a duvidosa beberagem. O gosto não era de todo mau, mas restou na boca uma leve sensação de que havido lambido o sovaco do tio Quinho.
Fim de tarde resolvemos ir ao cinema e quando chegamos ao Largo do Machado, bateu a fome e decidi comer um McDobbels, contrariando os discursos intermináveis de minha mulher quanto ao malefício do ato. Devorei rapidamente o lanche com fritas e coca, pois não tínhamos muito tempo, e atravessamos a rua correndinho com aquele lance já chacoalhando no meu pandulho.
Quando entrei no cinema, senti que o suco vivo e o McDobbels realmente não estavam criando uma boa empatia. Um era petralha e o outro coxinha, e quando sentamos na sala, já podia perceber poderosos movimentos revolucionários nas entranhas.
O Discurso do Rei era o nome do filme. Um filme cheio de silêncios. Pior.
De repente rolou um silêncio e veio a coisa.
Não sei se você sabe o que é um glissando de contrabaixo. Pois é. Era algo por aí. Naquela pausa, ouvi com clareza um glissando lento, ascendente, acompanhado de alguns harmônicos e mais uns discretos e inacreditáveis assovios. Era o som que minhas tripas começavam a inventar.
Notei que meu vizinho do lado esquerdo, com preocupação, virou a cabeça em direção a minha barriga. Fiquei irritado com aquilo e bochinchei um pouco com minha mulher a possibilidade de vazar da sala, o que ela replicou com uma expressão de frieza e desdém, afinal de contas ninguém mandou comer aquele veneno.
Logo em seguida, novo silêncio e novo glissando e meu vizinho, depois de mirar minha pança, comentou algo com a namorada. Tenso.
Daqui a pouco, rola outro grande silêncio, quando irrompe um glissandão ascendente, vagaroso, logo seguido de um glissandinho acelerado e descendente, como se de repente, aquilo que estava indo naturalmente, tivesse tomado a brusca resolução de voltar, como se houvesse se assustado com alguma coisa. Um troço muito impressionante. O cara, assustado, olhou pra minha barriga e em seguida pra minha cara e então achei que deveria dizer algo pra acalmar o sujeito que parecia atônito, e em voz baixa mandei.
- Velho...fica tranquilo que não vai vazar nada.
Logo em seguida, indeciso, caí na asneira de adicionar um “eu acho”, e isto me fez rir e foi neste momento que deixei um fio de baba escapar da boca.
Quando notei que o rapaz esfregava o braço com sofreguidão para limpar a indesejável gosma, fui tomado pelo riso e num ato reflexo levantei dali gargalhando que nem um camelo, e aí meus senhores e minhas senhoras, só me restou empreender fuga, pois comecei também a tossir e a tosse me saia pela frente e a tosse me saia por trás, fazendo com que a radioatividade principiasse a escapulir com fúria, os gases tóxicos já ameaçavam tomar o baía de Guanabara por inteira, o grande desastre do Catete faria Chernobyl cair no esquecimento, e foi também pensando nestas idiotas consequências que deixei a sala de projeções aos tropeções, cacarejando deslavadamente, abaixo de protestos e queixumes de uma plateia que já ensaiava algumas hostilidades.
Da porta ainda vislumbrei minha mulher que, com toda sua indiferença e rancor vingativo, bem acomodada em sua poltrona, comendo pipocas calmamente, tava nem aí pra mim.
Bah.
Suco vivo nunca mais.
Parius.
Pra proteger minha saúde, eu teria de tomar o tal suco, que consistia na mistura de um suco de frutas, maçã, uns brotos de sementes de girassol, inhame e a abominável couve.
Deviam ser duas da tarde quando o pau bem mandado aqui ingeriu a duvidosa beberagem. O gosto não era de todo mau, mas restou na boca uma leve sensação de que havido lambido o sovaco do tio Quinho.
Fim de tarde resolvemos ir ao cinema e quando chegamos ao Largo do Machado, bateu a fome e decidi comer um McDobbels, contrariando os discursos intermináveis de minha mulher quanto ao malefício do ato. Devorei rapidamente o lanche com fritas e coca, pois não tínhamos muito tempo, e atravessamos a rua correndinho com aquele lance já chacoalhando no meu pandulho.
Quando entrei no cinema, senti que o suco vivo e o McDobbels realmente não estavam criando uma boa empatia. Um era petralha e o outro coxinha, e quando sentamos na sala, já podia perceber poderosos movimentos revolucionários nas entranhas.
O Discurso do Rei era o nome do filme. Um filme cheio de silêncios. Pior.
De repente rolou um silêncio e veio a coisa.
Não sei se você sabe o que é um glissando de contrabaixo. Pois é. Era algo por aí. Naquela pausa, ouvi com clareza um glissando lento, ascendente, acompanhado de alguns harmônicos e mais uns discretos e inacreditáveis assovios. Era o som que minhas tripas começavam a inventar.
Notei que meu vizinho do lado esquerdo, com preocupação, virou a cabeça em direção a minha barriga. Fiquei irritado com aquilo e bochinchei um pouco com minha mulher a possibilidade de vazar da sala, o que ela replicou com uma expressão de frieza e desdém, afinal de contas ninguém mandou comer aquele veneno.
Logo em seguida, novo silêncio e novo glissando e meu vizinho, depois de mirar minha pança, comentou algo com a namorada. Tenso.
Daqui a pouco, rola outro grande silêncio, quando irrompe um glissandão ascendente, vagaroso, logo seguido de um glissandinho acelerado e descendente, como se de repente, aquilo que estava indo naturalmente, tivesse tomado a brusca resolução de voltar, como se houvesse se assustado com alguma coisa. Um troço muito impressionante. O cara, assustado, olhou pra minha barriga e em seguida pra minha cara e então achei que deveria dizer algo pra acalmar o sujeito que parecia atônito, e em voz baixa mandei.
- Velho...fica tranquilo que não vai vazar nada.
Logo em seguida, indeciso, caí na asneira de adicionar um “eu acho”, e isto me fez rir e foi neste momento que deixei um fio de baba escapar da boca.
Quando notei que o rapaz esfregava o braço com sofreguidão para limpar a indesejável gosma, fui tomado pelo riso e num ato reflexo levantei dali gargalhando que nem um camelo, e aí meus senhores e minhas senhoras, só me restou empreender fuga, pois comecei também a tossir e a tosse me saia pela frente e a tosse me saia por trás, fazendo com que a radioatividade principiasse a escapulir com fúria, os gases tóxicos já ameaçavam tomar o baía de Guanabara por inteira, o grande desastre do Catete faria Chernobyl cair no esquecimento, e foi também pensando nestas idiotas consequências que deixei a sala de projeções aos tropeções, cacarejando deslavadamente, abaixo de protestos e queixumes de uma plateia que já ensaiava algumas hostilidades.
Da porta ainda vislumbrei minha mulher que, com toda sua indiferença e rancor vingativo, bem acomodada em sua poltrona, comendo pipocas calmamente, tava nem aí pra mim.
Bah.
Suco vivo nunca mais.
Parius.
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