Tenho tido pesadelos recorrentes que via de regra acabam em choro.
Sempre com a Ivete.
Num deles, tô pelado, sentado no chão e a Ivete tá de pé na minha frente. Ela é gigante. Tem uns sete metros de altura e me mira com fúria. De repente grita com aquele sotaque baianês e o som parece um navio.
- Faça posição de lótus, menino!!!
Então eu tento obedecer à ordem, mas como sou fofo, no momento em que cruzo as pernas, caio pra trás e bato com a cabeça no solo com estrondo, enquanto os pés cruzam os ares num movimento de pêndulo. É aí que abro o bocão e começo a chorar.
Quando cesso o pranto e procuro a figura dela novamente, vejo que está deitada numa camona, desta vez me fitando com olhar carinhoso. Então, ela fala com voz doce.
- Venha aqui menino. Suba em mim.
Levanto e inicio a escalada com certa dificuldade, mas depois de alguns minutos, estou encarapitado no peito daquele Ivetão tão lindo que continua com um olhar meloso e passo a mão naquela pele tão suave e caio na real de que estamos pelados e me encorajo até a dar umas bicocas na parte sul do seio esquerdo quando ela diz, com voz sensual.
- Bom menino que você é. Agora você pode pedir o que quiser.
Neste instante, olho pra trás e embevecido com aquelas coxas que parecem um continente, acabo reparando na altura estapafúrdia em que me encontro e num sobressalto volto a chorar, fazendo meu pedido entre soluços.
- Eu quero descer.
Vou contar um troço.
Uma coisa que eu tenho medo nessa vida é de que a Ivete goste de mim.
Eu sei, eu sei, a chance é de uma em vinte e quatro quaquilhões, mas sempre há uma possibilidade.
Minhas músicas andam por aí, pela rede. Vá que um dia ela, folhando o YouTube, escuta, sem querer, uma de minhas canções e alguma conjunção de acordes e melodias precipite uma reação de enfeitiçamento fazendo ela ficar curiosa.
- Quem é esse menino que faz essa música gloriosa?
- É um cara lá do sul. Um tal de Corona.
- Do sul, é? E como ele é?
- Um momento, iluminada. Estamos checando o feicibuqui dele.
- Cheque que eu espero.
- Já temos a informação, amada.
- Diga, paixão.
- Parece gordo.
- Fofo, é?
- Fofo e baixo, ensolarada. Quase um anão.
- Hum. Mesmo, é?
- É. E careca.
- Careca, é?
- E coroca também, glamurosa .
- Coroca também, é? Mas que porra do caralho!!!...bom...não importa...me tragam de qualquer jeito esse menino tão melodioso e arretado.
Já pensou? Tá louco, meu! Prum lance desses eu tenho de me preparar. Pelo menos uns dois anos de academia! Se não, é infarto na certa. Tenho de voltar a ser aquele cara atlético que escalava a Pedra do Arpoador pela face mais íngreme. Se não é derrame, meu, é boca torta.
Bah. Coisa que tenho pânico nessa vida é que a Ivete goste de mim.
A Anitta? A Anitta, que é mais pequititinha, até encaro, se calhar dela gostar de mim. E por que não? Bom... e se a reconhecer também, é claro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário