segunda-feira, 8 de maio de 2023

DISTÚRBIO DO SONO

Tenho.

Acordo pra comer. Simples assim.

Sonambuleando, vou até a cozinha e ataco. Enfio a mão no panetone. No dia seguinte, quando lembro do fato, lamento.

Manhã destas, ao despertar, olhei pro teto e pensei. “Caraca, não acordei no meio da noite pra comer."

Daí senti algo nas bochechas e fui percebendo farelos pelas gengivas até encontrar algo sólido, que retirei da boca e constatei com assombro tratar-se de um caroço de azeitona. Mas que caralha! Tô comendo sem acordar!!!

Em outra manhã, chego na cozinha e encontro minha mãe, que aponta pra mesa e pergunta.

- E isto?

Eu tinha comprado um bolinho de laranja, destes que tem um buraco no meio, tipo pudim. Pois o bolinho estava destroçado e os farelos se espalhavam pela mesa, cadeiras e chão. Respondi.

- Acho que dei uma mãozada no querido.
- Mãozada nada. Tu deu foi um soco no bolinho. Mas vem cá! O que que tu tens contra os alimentos?

Então reparei que havia um osso de frango no chão, em meio aos farelos. Aí arrisquei.

- Deve ser rato.

Mamis respondeu.

- Abre a geladeira.

Na geladeira havia mais ossos de galinha em prateleiras variadas.

- Rato nada! Rato não abre geladeira!

Foi a partir deste dia que me preocupei e decidi dar um jeito definitivo no meu sono. Tratei de evitar lexos e rivos e pensei que seria importante ter um pijama.

Seria um bom começo.

Possuir um traje especial para dormir emprestaria uma certa solenidade ao ato. Procurei uma costureira. Achei que o pijama deveria ser azul claro. As calças seriam compridas assim como a parte de cima. Com botões. Cinco botões. Não mais que cinco, pois geralmente erro os botões. E um bolso do lado esquerdo do peito. A costureira indagou.

- Pra que esse bolso aí?
- Pra colocar o pente.

Pensei que seria relaxante pentear o cabelo antes de dormir e mais ainda ao despertar.

Achei no mercado o pente que queria. De osso, marrom e com aquelas duas opções consagradas: Penteado e superbempenteado. Poder escolher o tipo de penteado antes de dormir não é o must?

Minha segunda ideia é também simples e singela. Vou fazer uma coletânea de canções de ninar, jogar num CD e colocar na cabeceira pra tocar baixinho. Decidi que as musiquinhas deveriam estar em inglês, pois as canções de ninar, no português que eu entendo, são, via de regra, assustadoras. Aquela da “Cuca vai pegar” quero distância. A Cuca, às vezes me dá medo. Outras vezes me dá tesão. E o pior. Às vezes sinto medo e tesão ao mesmo tempo pela Cuca. Daí é que não durmo mesmo.

Pior ainda que isso? Quer saber?

A Cuca pode muito bem me lembrar o panetone.

Daí você já sabe.

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