sábado, 21 de novembro de 2015
ALMA DE ESPELUNCA
...daí vc vai num japonês em q já foi diversas vezes porque os caras são bons e vc gosta e então pede uma cerveja já de cara, porque vc tá muito afim desta cerveja, mas a cerveja demora e vc pede de novo e demora mais ainda e então só é trazida por uma terceira pessoa, e uma porção da comida que faz parte do combinado não vem pra mesa e vc tem de perguntar se está mesmo incluída e tem de pedir mais de uma vez pra que venha e o sabor das coisas resulta surpreendentemente duvidoso, chegando ao ponto de lembrar arroz de leite, pode isso? mas vc come igual, afinal o restaura é legal, vc conhece bem e por isto deve estar apreciando, e no final, meio q contrafeito, pede a conta pra um garçom que não traz e pede pra outro q também não traz e vc, que já começa a se acostumar com esta nova prática, acaba levantando e vai no caixa, mas no caixa tem um casal q não cede espaço, devem estar pedindo comida pra levar, mas não, apenas estão batendo papo com a mulher q trabalha ali e ela não repara na sua presença e tampouco cessa com a conversa e então é melhor se afastar um pouco pra ficar observando entre dentes aquela falta de senso e de repente alguém que está com vc, q é mais observador que vc, revela a novíssima novidade – Olha só! O restaurante mudou de nome!, então vc metaboliza esta informação fresca e junta com todos os outros pontos conflitantes e a realidade cai como uma marquise melancólica sobre sua cabeça, a cena se desnuda claríssima, seu pateta, vc acaba de jantar num restaurante q é apenas a casca do q era antes e q certamente vai rachar e ruir logo em seguida, vc comeu e bebeu distraidamente, sem notar a alma de espelunca que passeava pelo ar, seu viajandão, vc só foi descobrir tudo isto quando já era tarde, tardíssimo demais...
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