- Olha só.
- O que?
- Que espuma linda.
- É mesmo. Esta ceva é uma loucura.
- Teor nas alturas. Teor fodão.
- Bah. To Chaplin total.
- Então...mais um brinde!
- Mais um brinde!
- A nós. À nossa amizade!
- À nossa amizade!
- Agora...eu tava pensando.
- Ih...isso is not goody.
- Pô, presta atenção! É sério. Deixa te falar.
- Manda.
- Vai prestar atenção?
- Acho que vou. Vai. Fala, antes que eu desmaie.
- Lá vai.
- Hum.
- Do pó viemos, ao pó voltaremos e não comemos ninguém.
- Opa, opa, opa! Fala por você. Eu comi muita gente.
- Comeu nada. Te conheço desde pequeno. Comeu rolhas.
- Ah, ah! Quem não comeu foi você, cabação.
- Olha. Tu comeu uma romena?
- Não.
- Comeu uma búlgara?
- Também não.
- Tailandesa?
- Nem.
- Não comeu ninguém.
- Comi argentina.
- Que argentina?
- A Eneida.
- A Eneida você não comeu. A Eneida foi tua mulher por vinte anos. Além do mais ela veio de Buenos Aires com seis meses de idade. A Eneida não conta.
- Humpf.
- Comeu uma aeromoça?
- Não.
- Uma sargenta?
- Tampouco.
- Uma tenenta, uma caba. Comeu?
- Bah.
- Comeu uma cantora? Uma fagotista? Uma otorrinolaringologista?
- Não.
- Não to certo? Nesta puta vida não comemos ninguém.
- Eu comi professora.
- Ah. Isso eu também.
- Comi muita professora.
- Eu também. Toneladas.
- Você não comeu mais que eu.
- Ah, ah. Claro que comi. Quer apostar? Comi professora pra caralho.
- Vamos ver isso daí. Tem caneta? E papel?
- Tenho. Vamos ver.
- Vais ver a surra que vou te dar. Bah. Tá tudo girando.
- Vai logo com este levantamento. E não vale inventar.
DEZ MINUTOS DEPOIS
- Olha só. Terminei.
- Terminei também. Eu comi doze teachers.
- Sério?
- Bem sério. Te ganhei lindo, não foi?
- Na minha lista tem vinte e quatro, mas como tô vendo dobrado, são doze também.
- Ah, para com isto! Tá inventando.
- Tô não.
- Empatamos?
- Não. Eu ganhei.
- Mas é doze a doze? Empate, pô.
- Lembra a Marilourdes?
- Lembro sim.
- A Marilourdes foi diretora.
- E daí??? Também fiquei com a Marilourdes!
- Ficou antes de mim!
- Claro. Sempre fui mais adiantado que você, seu molenga.
- Você ficou com ela quando ela cuidava do audiovisual. Não era diretora ainda.
- E aí?
- E aí ganhei. Tu não tem diretora na tua lista.
- Tomanocu.
- Um brinde à minha vitória.
- Um brinde sim! Mas não à tua vitória, cuzão.
- A que então?
- Um brinde à vida.
- Um brinde às profes?
- Sim. Um brinde às profes.
- Que nos aguentaram.
- Isso. Deixa te contar que já sofri por professora.
- Sério?
- Sério. Até corno fui.
- Bah. Isso eu não sabia.
- Fui.
- Mas rapaz. Você tá chorando. Não faz isso que eu choro também.
- Parius. Sofri pra caralho. Eu adorava aquela cara de braba que ela tinha. Professora faz tanta cara de braba na aula que acaba ficando com cara de braba pra sempre.
- Hum.
- Ela andava fria comigo e um dia bebi tanto que quando encontrei ela, disse pra ela que queria ser o estojo dela. Falei que me bastaria pra ser feliz se eu pudesse ser o giz dela. Falei isso tudo de joelhos.
- Putz. Que ridículo, cara. E ela?
- Fez um carinho na minha cabeça, deu uma gargalhada e entrou no ônibus. Por sorte o ônibus se foi e ela não me viu emborcar no barro. Depois me contaram que viram ela bebendo com um barbudinho no Bar Batana.
- Bah. Mas para de choradeira. esquece isto. Mais um brinde. Prestatenção nessa espuma, meu irmão!
- Tá. Que rica espuma! Um brinde a nós que do pó viemos, ao pó voltaremos e comemos geral.
- Isso. Passamos o rodo.
- Pelo menos no magistério.
- Uhuuuuu!!! Um brinde ao magistério.
- Ao magistério e à nossa amizade.
- À nossa larga amizade, cabação.
- Te considero vaitefudê.
- Tomanocu.
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