Acho que é o sétimo dia da chamada quarentena. Vamos tentando nos adaptar a este flagelo que já está à nossa volta. O medo e a incerteza nos acompanham nestes dias. Tenho pensado que cada dia é um dia. Um dia a mais que vamos bem.
Tenho feito contato diário com os mais próximos pra saber como estão de ânimo, se precisam de alguma carona pra supermercado ou farmácia. Hoje tive de sair pra buscar medicamentos pra minha mãe. Fui a algumas farmácias. Existe medo de que as pessoas também acabem com os estoques das farmácias.
Mas queria contar um lance bacana.
Minha mãe tem um primo. O Nei. Regula com ela de idade. Uns 85. No fim do ano fomos visitar o Nei que estava com graves problemas circulatórios nas pernas e teve de amputá-las. Se pensou que não resistiria à operação, mas resulta que foi se recuperando lentamente e parece que está muito bem, voltou o ânimo e tudo. O Nei sempre foi um cara atencioso com todas as pessoas. Muito afetuoso o Nei. Um astral leve.
Ontem, fez aniversário e minha mãe ligou.
Ele parece um tanto alienado com o que está acontecendo. Ficou feliz com o telefonema e contou como andavam seus dias.
- Olha, Magali.Tu nem sabe como tenho dormido. Eu durmo muito. Sabe por que? Porque eu sonho. Sonho com minha mãe, com meu pai. Sonho com meus irmãos. Sonho com nossa casa lá em Serafina e estamos sempre brincando na casa, no quintal. Vou pra cama, Magali. Durmo e sonho todo o tempo. É tão bom.
Acho que neste momento estamos todos sonhando acordados com vários momentos passados de nossas vidas.
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