segunda-feira, 30 de março de 2020

O GRUPO

De repente, não mais que de repente, plim!

Me colocam num grupo no MSN.

Fico alvoroçado com o fato.

No entanto, é geralmente infrutífera a tentativa de achar para qual finalidade o grupo serve.

Mesmo assim, não saio do grupo.

Não me queixo nadinha.

Tampouco demonstro que me acho uma grande especiaria gritando no Face que não me coloquem em grupos.

Mantenho a serenidade dos humildes.

Noto que boa parte das pessoas interage mandando um dedão.

Outras poucas fazem algum comentário que, apesar do esforço, não consigo entender.

Mas a grande maioria vai saindo do grupo, sem dar qualquer explicação.

Se vão em debandada como ratos irritados em fila indiana, afinal de contas, são pessoas sérias que têm mais o que fazer ao invés de perder tempo num grupo de MSN sem sistema. Ora, por favor!

A tudo isso observo com bastante interesse e curiosidade.

Fulano saiu do grupo.

Beltrano saiu do grupo.

(fico aqui com meus botões. Será que alguém se magoa com tais procedimentos? Nunca verifiquei queixa).

Siclano saiu do grupo.

Passada a ventania das evasões, me resta a sensação de estar sozinho.

Melancolia.

Observo bem. Só sobrou eu mesmo.

Mantenho o silêncio por um tempo indeterminado.

Seguido a isso, para tirar todo e qualquer tipo de dúvida, grito a plenos pulmões;

HELÔOOOU! Tem alguém aí!!??

Não há resposta.

Nada.

Sendo assim, com a calma de um diretor de almoxarifado, desligo a luz e fecho a porta sem ruído. Há que se ter um pouco de responsabilidade nesta vida virtual.

Então, com a redentora sensação do dever cumprido, posso perambular pela casa quase sem nenhuma culpa e quem sabe até procurar uma bergamota perdida pela geladeira.

Bah.

É o que tem.

O que tem é pouco, eu sei... mas pelo menos é.

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