sábado, 27 de junho de 2020

DAS CERVEJAS E DAS CANÇÕES

Ontem era uma noite fria e chuvosa por aqui e, contra a lógica, resolvi botar umas cervejas pra gelar. Pouca coisa, mas me senti muito afortunado por isso.

Servi num copo bonito. Coisa que jamais fiz. Nunca me importou o tipo de copo. Hoje, ando com estas manias. Tentar fazer todas as coisas da melhor forma possível. Até mesmo beber uma cerveja. E a cerveja que tomei é daquelas que dá vontade de beijar o copo. Cerveja de verdade, adquirida por preço módico.

Então lembrei de uma canção chamada Beirute, que faz tempo que procuro a letra na net e nunca acho. Mandei uma mensagem pro autor, que é o BE Alves e ficamos conversando um bom tempo.

Comentamos sobre o clipe de quarentena que a Janaína Maia fez com a “MAIS UMA CANÇÃO”, sobre a interpretação bonita e criativa que ela mandou e também sobre a quantidade de compartilhamentos e visualizações que o trabalho teve. Ficou bem bonito.

Recordo da tarde em que compusemos a canção. Deve fazer mais de vinte, certamente. Era também uma tarde cinzenta. Bebeto já tinha me dado a letra e numa saleta de criação da Jinga compusemos a música em meia hora.

Quase todas as canções que componho são feitas no violão. Naquela tarde não foi diferente. Fui colocando os acordes e fomos fazendo juntos a melodia e Bebeto ia reorganizando a letra de acordo com os novos caminhos que iam sendo criados. Aquela harmonia do refrão é muito esquisita. Não sei de onde tirei aquilo. Não faz parte do meu DNA. E do Bebeto tampouco. Mas ficou muito bom. Talvez tenha sido psicografada.

Logo depois fizemos uma gravação que só a introdução já era um puta prenúncio de que aquilo era um baita tema. Nos concertos era um arraso e a canção tem até hoje um grande talento radiofônico. Ganhamos até dinheiro com direitos autorais, você acredita?

Mas como eu disse, esta canção pela qual temos imenso carinho, foi composta na Jinga, uma produtora musical na qual trabalhamos nos noventa.

Foi lá, alguns anos antes disso, que o Garay Engels, meticulosamente, criou uma letra e entregou pro Calique que inventou uma melodia e depois de gravada e batizada de VIDA, foi aprovada por publicitários para ser a canção institucional da RBS.

Tempo destes, Garay me chamou pra fazer um novo arranjo para o fim do ano e ficamos emocionados com o fato da canção estar cumprindo trinta anos de vida.

Atravessei a noite bebendo e pensando sobre a canção que pode ser eterna. Às vezes você pode estar batendo um violão e de repente cria uma coisinha sozinho, ou acompanhado, e o lance toma vulto e cai no agrado e a canção voa por aí.

Volta e meia encontro alguém que descobre que também sou autor desta música e esta pessoa me fala que MAIS UMA CANÇÃO foi muito marcante numa fase de sua vida. Aí também me sinto bem afortunado.

Assim como me senti afortunado nesta madrugada por poder mandar pra dentro um omeprasol junto com uma magnésia bisurada antes de dormir e assim não desalinhar tanto a máquina no dia seguinte.

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