Tô na cozinha e tenho vontade de escrever.
Milhares de assuntos e ao mesmo tempo nenhum.
Daí lembro de uma crônica do Rubem Braga em que ele conta que chega na redação com obrigatoriedade de prazo para cumprir seu trabalho, e está sem assunto, e é a partir desta falta de assunto que o cara cria um texto pra lá de lindo.
Você lê a última frase e tira todos os chapéus.
Um tempo depois, encontrei no 100 MELHORES CRÔNICAS DO BRASIL um comentário que acho que é do Mário de Andrade que diz algo como:
"O Braga é o fino, mas ele fica melhor ainda quando não tem assunto."
Eu estava escrevendo exatamente sobre isso quando o celular travou. Tem acontecido.
Daí é preciso apertar todos os botões ao mesmo tempo pro troço desligar e às vezes demora um tempinho pra isto acontecer e ele ressuscitar.
Não é boa coisa ter de sair pra comprar um novo celular nestes tempos. Tá rachadinho mas é guerreiro, e vou ficar chateado se bater as botas.
É importante também não quebrar os óculos e pior ainda seria fazer a besteira de limpar o cartão de crédito com álcool e danificá-lo definitivamente. Então, o cartão trato como ente contaminado. Não limpo e tampouco dirijo meu olhar a ele.
Resolvo ler estes dois últimos parágrafos e me dá vergonha.
Acho que nunca senti tanta vergonha na minha vida. Vergonha e culpa. Muitas vezes maiores do que o próprio medo.
Vejo então que já são quatro da matina, ligo a TV no noticiário e o assunto Queiroz abre as manchetes com fúria.
No momento em que escrevo esse nome, o Facebook me oferece marcar uma tríade de amigos que possuem o mesmo sobrenome e penso que, por isto, devem estar ouvindo todo tipo de piada infame por estes dias.
Melhor mesmo nem falar sobre isso. Os Corona temos ouvido muitíssima baboseira.
Mas pensando bem, nem dá nada. Meu sobrenome poderia ser o mesmo da besta e isto sim, tenho certeza, seria bastante mais doloroso.
Não acho que o texto esteja grande coisa, mas acho que resultaria bem pior se grafasse o nome dele, pois a simples leitura deste já faz aumentar a náusea. A náusea e a vergonha.
Bueno.
Acho que é hora de ir pro catre e quem sabe ler um pouco de Cortázar ou o próprio Braga pra ver se consigo botar minha vergonha pra dormir.
Acalmar a alma.
Sossegar o cérebro até...
até o cérebro ficar sem assunto.
Nos vemos.
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