sexta-feira, 10 de julho de 2015

MATEI O DANIEL



Eu tinha 5 ou 6 anos e estava na pracinha da Vieira de Castro.

Lembro que era uma tarde mormacenta e tinha ali uma gurizadinha tentando encontrar algo pra se entreter. Acho que estávamos fartos de balanço e gangorra.

Então, com uma pedra na mão, parei na frente do Daniel e disse.

- Quer ver como tiro um fininho da tua cabeça?

Eu gostava de jogar pedras, então atirei uma que passou pertinho e assim repeti a ação duas ou 3 vezes com sucesso, e o Daniel ali firme, corajoso, até que errei o cálculo e o cascalho acertou a pinha dele em cheio. Deve ter sido supercílio porque o sangue começou a jorrar rapidamente e em profusão.

Daniel saiu gritando pra um lado e eu  pro outro. Lembro que achei esquisito que a pracinha esvaziou imediatamente. A gurizada saiu toda correndo e isso me fez pensar que o que tinha feito era gravíssimo mesmo.

Entrei em casa berrando.

- Mãnhêeeee! Matei o Daniel, mãe! Matei ele com uma pedrada na cabeça!

Mais tarde, minha mãe me tranquilizou, quando voltou da casa dos pais do menino. Daniel tinha tomado 2 ou 3 pontos e estava bem. Me botou de castigo, é claro, e não se falou mais nisso.

No dia seguinte alguém me contou que o Daniel tinha dito que quando me encontrasse ia me matar. Lembro que  ficava na sacada, escondido, espreitando se via o Daniel na praça. Só depois de ter absoluta certeza de que ele não estava, me atrevia a descer.

FC - JULHO - 15 - pOa

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