Assisti a um vídeo bem interessante. Americano. Fala sobre a vitória de Trump e é uma autocrítica da esquerda, centrada no fato de que “a esquerda decidiu que qualquer outra visão de mundo, qualquer outra opinião contrária a ela, é inaceitável.”
“Nós da esquerda não debatemos mais porque vencemos a GUERRA CULTURAL."
É o que o cara do vídeo afirma. Segue.
" Então, se a pessoa é da direita, ela é uma aberração, é malvada, é racista, é estúpida. Como você acha que as pessoas de direita vão votar, se você fala assim com elas? Quando é que alguém foi convencido, sendo insultado e rotulado? Então, se a pessoa for de direita, acaba sendo atacada por expor sua opinião. Por isso as pessoas de direita esperam até o momento de estar em frente às urnas. Ali não tem ninguém mais monitorando. Em frente às urnas não há culpa, nem vergonha e o cara pode fazer o que realmente pensa. E todas as pesquisas erraram. As pessoas não podem mais dizer o que pensam, pois a esquerda não as deixa se expressar. Então as pessoas de direita se sentem intimidadas até pra responder pesquisas. E mentem. “
Óh, que peninha...
É o que o vídeo diz. “Perdemos a capacidade do diálogo. Já não temos a habilidade para o convencimento.”
Então, baseado nesta profunda análise, quando você encontrar alguém que pede a volta dos militares, você não pode chamar de toupeira de jeito nenhum, pois ele vai ficar puto e vai querer que no futuro enfiem agulhas debaixo de suas unhas. Você tem de ter toda a calma, puxar uma cadeira e explicar pra pessoa, tintin por tintin todo o imbróglio. Ele não vai ouvir o que você tá dizendo, afinal ele já tá magoado com os esquerdopatas, mas não esmoreça. Continue explicando. Talvez leve alguns dias, ou até meses, mas a política é assim mesmo. É a arte do convencimento.
Quando alguém vier falar que Direitos Humanos é coisa de Petista bandido, você tem de sentar com o cara, com toda a calma e dar um breve histórico sobre o que se trata, de onde surgiu, em que época surgiu, pra que que serve o tratado dos direitos humanos. Nada de chamar o cara de pateta ou assemelhados, pois isso vai dar nele uma vontade danada de votar em quem faz apologia da tortura.
Quando alguém vier dizer que o Chico mama na lei Rouanet e que ele compra suas canções, você tem de se conter pra não chama-lo de imbecil e também não pode falar de jeito nenhum que é uma desonestidade intelectual seguir espalhando isso, mesmo depois de tudo ter sido desmentido, se não esse cara vai se injuriar e vai acabar votando num Pauderney ordinário destes.
Quando alguém vier dizer que as tropas do Maduro já estão no Brasil ou que os Haitianos fazem parte do exército comunista que a Dilma tava montando pra roubar as propriedades das pessoas de bem, você fica frio. Nada de chamar a figura de zumbi ou algo parecido. Eu sei, eu sei. Dá vontade até de espancar, mas segura a onda. Oferece um copo d’água com açúcar e meio Rivotril. Faz uns carinhos na cabeça e explica devagarinho que isto tudo que ele tá imaginando é meio que impossível que aconteça.
Quando alguém vier falar em meritocracia, deixa falar. Concorda com tudo. É isso aí. Num país onde há liberdade, todos temos chances iguais. O carinha pode ter nascido no morro, pode ser filho de mulher estuprada por traficante, pode ver gente degolada na frente de casa toda hora, pode cheirar cola com 10 anos. Não dá nada. Basta se esforçar um pouquinho (as pessoas de bem sempre gostam de frisar este “um pouquinho”) que se chega lá.
Quando alguém vier dizer que o estado está inchado e falido e que o estado tem de acabar por causa disso, nem pense em tocar no assunto da sonegação das mega empresas, porque o cara vai lhe responder que empresa sempre tem de receber isenção pra poder gerar empregos e que pra ter mais empregos ainda, seria importante também acabar com mamatas como férias, décimo terceiro e até horário pra almoço. É muita facilidade pro trabalhador e isto atrapalha a economia. O ministro da educação falou dia destes que é preciso acabar também com as regalias dos professores. Professor também atrapalha o mercado, ora vejam. Se o cara falar sobre tudo isso, e que inclusive está mais do que correto chamar o Frota pra dar pitaco sobre a educação, a princípio concorde com tudo. Talvez você consiga uma brecha pra confabular um pouco sobre o assunto com uma boa quantidade de diplomacia, com muito cuidado pra não fazer o cara chegar à conclusão de que ele não passa de um babaca perverso. Porque daí o sujeito fica bravo, né? Daí você já sabe. O cara vai pra urna e vai com raivinha.
É isso aí. Falha nossa. Quem sabe hora destas a gente acerta.
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