terça-feira, 31 de janeiro de 2017

PARCERIA TORTA

- Alô
- E aí, véio?
- Fala, grande parceiro. O quê que manda?
- E nossa composição?
- Ficou pronta, não viu? Até já postei no Face, parça.
- É. Acabei de ver sim. E parça é o caralho!
- Mas quê que houve, véio? Não ficou massa?
- Você mudou toda a melodia, mudou toda a harmonia e mudou toda a letra.
- Mas você disse que eu podia mexer em tudo, se eu quisesse!
- Mas não ficou nenhuma palavra que eu tinha sugerido! Nenhuminha! Nenhum acorde. Nada!!!
- Foi?
- Foi, porra. E além de tudo, era um xotezinho de amor e você transformou num funk libidinoso.
- Pô véio, as pessoas tão gostando. Já tem quatro likes.
- Tomanucu. E essa estrofe que você colocou; “Vêm comigo até o chão, vem lamber o meu sabão” de onde você tirou esse lixo? Deve ter sido teu tio Nestor que deu a ideia. É ele quem tá sempre mandando as pessoas lamberem sabão.
- É. Tio Nestor deu uns pitacos sim.
- E este verso do final? Que merda é essa?
- Qual, brother?
- “Fundamental é mesmo o nheco-nheco, é impossível ser feliz sozinho”.
- Quê que tem?
- Você não tem uma leve impressão de que isso já existe?
- Acho que não. Criação minha, pô!
- Sifudê. Olha só! Não coloca meu nome nessa parada não.
- Mas a música é nossa, bro!
- Nossa é o caralho! Bota no nome do teu tio Nestor, no nome da tua mãe, bota no nome do caralhodocudabunda se tu quiser, mas não me envolve nessa merda, e não fala mais de música comigo!
- Pô, bro. Não é essas aí.


Tu,tu, tu...

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