São cinco da manhã e fico remanchando.
Não tenho vontade de ir pra cama.
Antes me assustava e deprimia um pouco ver a luz do dia se apresentando. Hoje em dia este desassossego já não me pega mais.
No Rio de Janeiro quando batia seis e tal eu descia e caminhava pela rua do Catete até à padaria.
As manhãs da Cidade Maravilhosa são muito vivas e ali na rua do Palácio bastante cedo já há um movimento formidável.
Era bom ver a cidade acordando, o movimento de gente de todo tipo iniciando a faina, os ônibus acelerando com fúria e homens com caniços tomando a direção da praia. Nunca imaginei que viveria num local onde precisasse caminhar apenas cinco minutos pra jogar uma linha na água.
Mas voltando à padaria, não sei se mudou, mas ali se fazia o pior pão do bairro. É sério. Quem mora ali, sabe. É um pão com um miolo cheio de ar, que no dia seguinte tem cheiro de chulé.
Além disso, o pessoal do atendimento era pra lá de antipático. Os donos, a mulher do caixa, os atendentes, todos absolutamente, caprichavam na forma desagradável de ser.
Mas valia a pena. Eu não precisava falar com ninguém e aquele pão na chapa com manteiga enganava muito bem. Mais um cafezinho e um suco de mamão com laranja e eu tava pronto pra ir pro berço.
Sinto um pouco de falta de uma cidade que nunca se apaga.
Bueno.
Agora bateu cinco e meia.
É Porto Alegre.
É sexta.
17 de julho de 20.
Houve dias muito frios por aqui. Ontem choveu bem e a meteorologia, surpreendentemente, promete trinta graus pra semana que vem.
A pandemia avança no sul.
O reitor da UFPEL, que é um guri fodão, diz ser vital fazer um lockdown de uns quinze dias pra que não colapse a caralha toda.
Por outro lado, o idiota mor, representante dos medíocres, nao consegue falar a palavra constituição. Quando tenta articular " hidroxicloroquina" quase desmaia.
Tá. Tá bom. Talvez surja alguém, é claro, dizendo que o Lula falava kipéx quando se referia ao apê do Guarujá. Mas o Lula podia. Lula, pelo menos, tinha uma ideia. Tinha uma pauta. Muito diferente deste zero à esquerda. Pária número um do planeta.
Bueno de novo.
Tem uma louça pra lavar e isso não é nada.
Daí me vou. Eu sei. Sigo remanchando.
Tá. fui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário