Minha mãe preocupada com flores que deveriam aparecer só em outubro e estão desabrochando agora.
Queixa-se também a mami que as formigas andam mais loucas do que nunca.
Diz que quando está pra chuva, aumenta muito o apetite delas. Me mostra a roseira pelada.
- Olha só. Esta roseira, hoje de manhã, estava cheia de folhas. Comeram tudo, as desgraçadas.
Diz também que as formigas se dividem em três bandos.
Tem as que sobem na planta e cortam as folhas.
Tem as que pegam as folhas caídas e recortam.
E tem as que carregam os recortes pra toca.
Minha mãe tem uma luta eterna com as formigas.
São as formigas que levam os vírus pra dentro do computador. Em cima de cada formiga vai de quatro a cinco vírus. Não vai mais que isso. Esta atividade deixa as formigas bem cansadas.
Ainda sobre formigas.
Lembro de que quando tinha uns quinze, lançaram uma revista pra gurizada. Se chamava Pop. Nunca esqueço da carta de um leitor se queixando que havia sido chutado pela namorada por ter a mania de cuspir em formigas. Nesse tempo eu era craque na cuspida, mas pensei que tinha guri bem mais idiota do que eu.
Agora também lembrei que li por aí que quem visita a China fica impressionado com a cidade toda cuspida. Diz que é mania chinesa meter a cusparada. Será que cospem nas formigas?
E ainda.
Era uma teia de aranha perfeita, brilhando contra o sol. Por ser idiota, juntei uma formiga do chão e atirei na teia. A aranhinha veio correndo e em meio segundo imobilizou com seu veneno a formiga que se contorcia. Depois de observar que aquilo não era rango decente, a aranha levou a formiga até à beira da teia e jogou-a no vazio. Repeti a operação. Depois de despachar o terceiro cadáver, a aranhinha colocou as seis patas na cintura e me fulminou com olhar colérico. Saí dali mais assustado do que aborrecido.
Depositei um pequeno punhado de açúcar no balcão da cozinha. Depois de alguns segundos apareceram duas formigas. Elas pararam ali, confabularam algo e comeram um pouco. Logo em seguida se retiraram pra certamente avisar azamigas. Então peguei um pano e limpei o açúcar dali, pras formigas passarem por mentirosas. Devem estar brigando até agora.
É o que tem.
É o que tem,
É o que tem,
É o que tem,
É o que tem, meu bem.