terça-feira, 24 de novembro de 2020

AS MEIAS



Hora de dormir.

Resolvo descalçar as meias antes de me deitar, pois as tenho tirado no meio da noite e no dia seguinte, mesmo levantando todas as cobertas e colchão e a caralha toda, um dos pés não consigo encontrar. Coisa de um puto anjo safado que se diverte muito, deitado em alguma nuvem observando o movimento dos patetas aqui de baixo.Então tenho o par de meias na mão e resolvo enrolá-las, e no final, dou aquela enroscada pra criar o tradicional formato de bolinha. Isso me faz lembrar o tempo de guri, quando fazia isso com as largas meias de futebol e ficava uma bola pesadinha, boa pra fazer balãozinho.

Balãozinho é o que se chama de embaixada no resto do país. Quanto mais balãozinho se fazia, mais admiração se tinha no grupo.

- Ô meu! Quantos balãozinho tu faz?

Mas como dizia, hora de dormir pra acordar cedo e ir no Super.

Desperto.

É dia claro. Chove. Me sinto bem. Não tenho sono. Isto me faz acreditar que não ouvi o despertador e perdi a hora.

Confiro e vejo que ainda faltam vinte minutos para as oito. Como me sinto bem, penso que seria bom levantar logo de uma vez, mas penso também que é um pecado jogar fora vinte minutos de sono.

Durmo.

Desperto aterrorizado com o alarme do relógio e tenho a sensação de que algo ruim aconteceu. Assustado, sento na cama. Me sinto destroçado. Deveria ter levantado naquela hora. Faz frio e minha primeira vontade é a de calçar as meias.

Então, na minha frente, na mesinha, vejo a bolinha meial. Pro tipo de pessoa que sou, enxergo isso como um fenômeno. Um tipo de encanto. Uhuuuuu!!!

É aí que começo a desconfiar que as pessoas organizadas devem ser muito felizes.





47Laura Corona, Vika Barcellos e outras 45 pessoas
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