Quem é muito jovem não pode acreditar que, em remotos tempos, este foi o brinquedo mais almejado pelos meninos.
O brinquedo Forte Apache consistia em uma fortificação de madeira em forma de quadrado, coloridos bonequinhos de plástico e mais apetrechos. Ferramentas, armas, carroças, diligências. Os bonequinhos eram soldados e índios.
Soldados eram mocinhos e a indiarada era do mal. Índios tentavam invadir o Forte e os soldados defendiam-no. Eu brincava largo tempo com meu Forte Apache.
Meus pais me davam brinquedos, mas felizmente também me apresentaram aos livros muito cedo e foi quando li “O último dos Moicanos”, de James Fenimore Cooper, que comecei a descobrir que podiam existir índios do bem. Aliás, sempre que repassa na TV o filme estrelado por Daniel Day Lewis não perco. Pra mim é o melhor filme de aventura já feito, seguido de perto por “Dança com Lobos”.
Outro livro que li sobre o tema, foi Winnetou, de um escritor chamado Karl May. May era alemão e, sem nunca ter vivido nos EUA, escreveu uma coleção que narrava fantásticas histórias sobre índios americanos. Se não me falha a memória, Winnetou era índio e era herói.
Passados 50 anos, desde o evento Forte Apache, a gente vê com amarga clareza o fim lamentável e indigno que as comunidades indígenas tiveram e estão tendo. Os poucos índios que sobraram e ainda não foram duramente civilizados estão sendo dizimados e expulsos de suas terras pelo poder econômico, pela feia ganância do homem branco. Não está na mídia brasileira, é claro. Sabemos disto pela internet.
Aqui no Brasil, nem mesmo este governo que se diz de esquerda, fez qualquer coisa pelos índios, ou se fez, é o pouco quase nada. Continuam sendo dizimados.
Mudando de assunto, mas continuando no mesmo, de vez em quando aterrissa aqui pelo Catete um trio de colombianos que se paramentam de índios americanos.
Usam grandes cocares e miçangas e tem um equipamento de som com grande qualidade. Tocam grandes flautas andinas em cima das bases pré-gravadas.
Ganham seu dinheiro desta forma nas praças e avenidas. Fazem muito bem o que se propõem a fazer e acho que vendem bastante CD. Dia destes parei para vê-los,e quando aqueles colombianos fantasiados de Apaches tocaram a música do Titanic, confesso que me deu um nó no cérebro.
Agora há pouco escutei ao longe o som de suas flautas reverberadíssimas e logo me veio à cabeça:
“Índios! Estamos sendo atacados”.
Fernando Corona
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