domingo, 6 de setembro de 2015
DEPOIS DO BANHO
Estava eu em frente ao espelho, penteando meus parcos cabelos depois do banho, completamente arrepiado de emoção, pois da sala a TV mandava Chico Buarque pela casa toda e claro que não era nenhuma destas emissoras que diariamente nos traem quando nos oferecem seu lixo e suas mentiras, e o bem estar da boa temperatura do banheiro me fez lembrar de uma entrevista com Ricardo Darin que disse sentir-se constantemente agradecido por ter a sorte de poder tomar dois banhos quentes por dia e tenho me sentido assim por também possuir o que considero um modesto oásis no meio de tanta tristeza e caos que vai se aprofundando desde a cidade onde vivo até outros lados do mundo e lembrei também de que certa feita a minha querida Vika me convidou pra assistir ao Senhor Buarque no Canecão e eu andava duro e ela pagou e tudo e eu pensei que ia ser apenas bacana, mas acabei chorando que nem criança uma boa parte do concerto, pois aquilo era demais de lindo e a casa cheia de gente de tudo que era idade, todo mundo emocionado com a entrega daquele gênio bonito, porque o Chico ao vivo me pareceu impressionante, ele estava vibrando, ele estava dando o máximo como artista como sempre deu compondo, gigante planetário, sempre fez uma arte de ponta, criativa, nova, nos dando referência, educando nossa estética e assim também nossa ética, e na frente do espelho, pensando nisso, me deu pena que exista uma gente que não lava a boca com sabão pra falar dele, uma gente que por suas ideias tacanhas e pequenas, e mais do que tudo por ignorar e querer ignorar, o que é muitíssimo pior, resolve não ser Chico e prefere ser Lobão, ora vejam, uma gente feia e endinheirada que vai pras ruas pedir o que mesmo? uma gente fascista, homofóbica, racista, uma gente feita de ódio e pobre de argumentos, uns ninguéns, uns destituídos com os quais ainda não consegui descobrir qual o fio de comunicação para lhes fazer entender que estão equivocados, que o mundo vai se tornando mais e mais uma praia onde chegam crianças mortas, porque o egoísmo fez seu reinado no planeta e 1 por cento da humanidade possui a metade dos bens do mundo, e mesmo assim não estão contentes, ainda querem mais, querem tudo pois cada vez mais vai sendo instituída uma permissão para se ser perverso e como é que vamos fazer isto? como poderemos melhorar a capacidade destas pessoas para que reflitam um pouco mais? para tentarmos mudar o rumo terrível que as coisas estão tomando, antes que nossa jornada se transforme numa tragédia ainda mais generalizada e definitivamente irrecuperável?
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