Fazer a dança dos gafanhotos, atrair a nuvem, abrir uma pequena fresta na janela, deixar que entre um e apenas um, enfeitiça-lo, entrar na máquina de miniaturização, adquirir o tamanho exato e preciso, subir no lombo do animal feroz, zunir pela sala em direção à janela, passar pela fresta, penetrar na nuvem, bradar ordens incontestáveis, tomar o rumo norte em direção a Brasília, ver a nuvem crescer durante a rota, dois milhões, sete milhões, quinze milhões de gafanhotos possuídos por um ódio descomunal, avançar pela maldita capital federal, perder altitude pouco a pouco, avistar o pequeno amontoado de humanos num cercadinho, aumentar a velocidade na direção do mais perverso brasileiro, ferir, picar, rasgar, dilacerar, arrebentar aquele corpo até restarem apenas os ossos daquele ser ignóbil, alma apodrecida que jamais voltará a emitir qualquer tipo de sorriso de escárnio que só os maiores adoradores da morte possuem.
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