segunda-feira, 22 de setembro de 2014

TRÁGICOS DESTINOS – semelhantes e distintos

Patrícia não imaginou que sua vida iria tomar outro rumo a partir naquele dia. Saiu de casa para ir a um simples jogo de futebol e no dia seguinte seu rosto estava nos jornais.

Patrícia, como a imensa maioria das pessoas, não possui uma educação apurada. Se tivesse esta educação, possivelmente optaria por não ir assistir ao time muito ruim do Grêmio, formado por péssimos jogadores que injustamente recebem 500 mil por mês em sua média, conduzidos por um treinador que já parece possuir ideias que se demonstram velhas.

Se tivesse uma educação apurada, Patrícia talvez se negasse a gastar seu dinheiro em mais uma partida do decadente futebol brasileiro.

E se tivesse esta educação apurada, Patrícia certamente não se somaria ao coro, não chamaria o goleiro do Santos de macaco, porque este ato não tem o mínimo sentido.

Educação apurada serve para que nosso olhar sobre o mundo seja mais responsável.

Educação apurada serve para que questionemos constantemente mais, e assim escolhamos melhor nossos atos, nossas palavras, nossas decisões e condutas. Patrícia, como a maioria de nós, nada sabe. E nem sabe que nada sabe. Vai pagar caro por não saber.

O americano Donald Turnupseed saiu de casa numa tarde de setembro de 1955 e assim como Patrícia, não imaginava que sua vida iria mudar tanto, a partir do momento em que seu carro se chocou de frente com um Porsche que se dirigia à cidade de Salinas e vinha em sentido contrário.

Turnupseed nada sofreu. O motorista do Porsche não resistiu aos ferimentos. Morreu na ambulância. Era o ator James Dean.

Turnupseed não foi considerado culpado, mas foi perseguido até o último de seus dias por ser o causador da morte do maior fenômeno da indústria cinematográfica de todos os tempos. Dean tinha uma curtíssima carreira de 3 filmes, realizados em apenas 18 meses. Tinha assinado um contrato para realizar mais 10 filmes e iria receber quase um milhão de dólares por isto. O maior contrato cinematográfico de todos os tempos.

James Dean morreu, mas penso que a grande tragédia mesmo, aconteceu com o homem que naquela tarde deu a partida em seu Ford, como certamente fazia todos os dias, e tomou a estrada. Talvez até estivesse assoviando sua canção preferida no momento do choque.

Ele e Patrícia estavam vivendo suas rotinas quando de repente a vida lhes pregou uma peça e por motivos diferentes foram execrados pela opinião pública. A opinião pública é impiedosa e covarde, pois não tem rosto. Ela não poupa, não perdoa e muitas vezes não deixa cair no esquecimento. Jamais.

Fernando Corona – 2014/setembro – PoA

“Uma vida não questionada não merece ser vivida.” PLATÃO


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