- Fala, Abduz. Beleza?
- Sereno, irmão.
- Tás com a cara caída. Que passa?
- Cansado. Acabei de chegar de viagem.
- De onde vens?
- De Kolbat.
- Qui é isso? Planeta?
- Não. Galáxia.
- Muito Longe?
- Sabe a constelação de Mikornios?
- Nops.
- Bom...Kolbat fica duas constelações depois.
- Longe pa dedéu. E a viagem demorada?
- Nada. É na hora.
- Na hora?
- É transporte celular. Na hora mesmo.
- Hum.
- Automático.
- Carai.
- Automático e portátil.
- Portátil? Lá em casa tem um radinho que meu pai diz que é portátil.
- O princípio é o mesmo.
- Legal. Mas escuta. Tás um bagaço. E este cheiro?
- Cheiro de éter.
- Cheiro de éter?
- Me jogaram éter kobalteano.
- E por que fizeram isso?
- Pra apartar uma briga.
- Você brigou com um cara de outro planeta?
- Foi.
- Caraca. Porradaria intergaláctica?
- Exato.
- Mas Abduz. Você tá fedendo mesmo é a trago. E estas manchas na camisa? Isso é vinho.
- Nada. Isso é sangue.
- Claro desse jeito? Sangue é mais escuro.
- Sangue kobalteano.
- Você tirou sangue do cara?
- Foi.
- Mas por que brigaram?
- Ele falou mal da Terra.
- E você ficou puto.
- Muito.
- E aí?
- Aí dei uma voadeira no segundo pescoço dele.
- É voadora que se diz.
- Quando não tem gravidade espacial é voadeira.
- Hum. E aí?
- Aí o pescoço dele dançou.
- Caraca. E a cabeça também.
- A cabeça não.
- Como não? Se o pescoço dança, a cabeça dança também.
- Você não conhece os kobalteanos.
- E aí?
- Aí a briga parou. Os kobalteanos não combatem com apenas um pescoço. Então ele chorou.
- Chorou?
- Chorou um pouquinho. Agora vou nessa que to morto.
- Mas escuta aqui. Tira logo essa camisa com sangue que pode tá contaminada com algum vírus.
- Não precisa. Ínix já soprou.
- Como assim soprou? E quem é Ínix?
- Minha namorada kobalteana. Quando sopra esteriliza na hora.
- Não! Não me diga que tás com uma mina galáctica.
- Tô.
- Bejô?
- Sim. Mas só a segunda boca.
- A primeira não?
- Não.
- Por?
- Bafão.
- Caraca, Abduz. Muita coisa?
- O cu dum camelo.
- Bécs, Abduz. Que nojo. Mas escuta. As mina de lá tem tudo repetido no corpo?
- Tudinho.
- Quero pra mim uma dessas mina, Abduz.
- Vou te apresentar uma.
- Você é tratante, Abduz. Sempre me promete que vai me levar junto e nada. Só garganta.
- Hum.
- Mas deixa te falar uma coisa, Abduz.
- Fala, brother.
- Te admiro.
- É?
- É sim. Tenho muito orgulho de ti.
- Por?
- Caracas, Abduz. Não é qualquer um que tira as caras por nosso planetinha.
- Era o mínimo que eu podia fazer. Me subiu o sangue.
- Sentou a porrada no alienígena, né? Você é bravo, Abduz.
- Hum.
- Agora vai. Vai descansar que você tá precisando. Ficas aí de porradaria pelo universo! Vais descansar esse corpo.
- Sereno, bro.
- Abraço. Ah. Só uma coisa. Tens uma foto pra me mostrar dessa mina pescoçuda?
- Não tem.
- Não tem??
- Não. Eles não usam foto.
- Caralho. Mas que galáxia mais sem graça esta que ninguém manda nudes? Fui.
- Sereno.
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