A cidade era Oviedo, capital de Astúrias. A única região da Espanha que não caiu na mão dos mouros.
Os caras de que falo eram os donos dos bares em que tocávamos. Tínhamos um quarteto chamado Maracatu e um empresário de Madrid se interessou, fez um contrato e estaríamos três meses tocando no norte.
Naquela noite entramos num Opel branco e logo estávamos subindo a serra nevada à, pelo menos, cento e vinte por hora. Aqueles caras, que fizeram o trajeto em completo silêncio, eram gentis, mas a gentileza era meio sinistra. Ficamos bem desconfiados com eles, mas tudo acabou dando certo. Na real, o que os caras tinham mesmo era pouca vibe, assim como o resto da cidade, certamente por não terem tido contato com a cultura bárbara.
Mas o que quero contar é que logo que chegamos na Tasca já nos ofereceram bebidas e convidaram pra sentar.
Colocaram um pratão de salada na minha frente. Dei uma olhada. Havia umas coisinhas esquisitas ali, mas me servi e quando coloquei na boca, quase vomitei.
O troço tinha o gosto do saco dum camelo histérico. Gorgonzola, foi o que me disseram. Fiquei assombrado com aquilo. Como pode ser tão ruim??!!
O tempo foi passando e fui provando, reprovando e entendendo a onda do Gorgonzola.
Já estava amiguinho dele, quando numa tarde no RJ, Vika Barcellos e eu chegamos da praia e fomos até à cozinha beliscar algo.
O gorgo estava em cima do balcão e ao lado dele havia uma bergamota. Por alguma intuição descasquei a berga e coloquei um gomo na boca junto a um pedaço do queijo. Fantástica mistura.
Experimentei com laranja, mas é com a berga que o gorgonzola casa perfeitamente.
Experimentei com laranja, mas é com a berga que o gorgonzola casa perfeitamente.
Já havia colocado o gorgo nuns cozimentos que andava arriscando, mas a partir daquele dia em que nos tornamos habituês daquela receita, comecei a desconfiar que o gorgo é um tempero universal que se pode misturar com doce e salgado e cai bem com tudo.
Dia destes cunhei uma salada e posso afirmar que é cosa de um outro mundo.
Ingredientes?
ALFACE AMERICANA
TOMATE – tenho comprado tomate italiano, apesar de ser um pouco mais caro. Aqui em Porto Alegre, os tomates comuns, apesar do aspecto visual impecável, tão muito esquisitos. No momento de cortar, você já fica grilado com aquela dureza. Na parte do meio, parece que tem um toco. E não tem gosto de nada.
MANGA
GORGONZOLA
Claro que vai azeite e vinagre. Tem gente que não gosta de vinagre e nunca acredito nisso. Desconfio de pessoas que não gostam de vinagre e de samba. Tenho sempre um pé atrás. Fui.
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