segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Briga

- Acorda, amor, acorda!
- Hã...o que...o que que aconteceu, querida?
- Você brigou, Alberto!
- Eu?
- É. Com o Paulo. É isto que dá ficar bêbado desse jeito.
- Ah, sim, claro. Ele me disse algo desagradável.
- Eu assisti à cena. E você disse coisa pior ainda a ele.
- E?
- Ele te deu um tabefe na cara.
- Sério? E eu?
- Você deu um grito horroroso e deu um soco nele.
- Hum...só um?
- Ele bateu de costas na parede da churrasqueira e você deu mais um soco.
- Mas por que to caído aqui? Então, depois ele me bateu?
- Não. O segundo soco pegou o nariz dele, mas o resto do soco foi no tijolo.
- Acho que to lembrando. E aí?
- Aí que não sei se foi pela energia gasta com o golpe, ou por causa da batida que você deu na parede, você desmaiou.
- Caraca. E ele, cadê? E o pessoal?
- Ele arriou as pernas e desmaiou também. O pessoal tá lá fora botando ele num taxi.
- Quer dizer que ganhei a briga?
- Pode se dizer que sim.
- E este sangue na minha camisa. É dele?
- Não. É do seu beiço.
- Parius. Tá inchado. E cadê o sangue dele?
- Não tem.
- Como, não tem? Então não ganhei a briga!
- Ganhou sim, querido, ganhou. Levanta e vamos embora.
- Natália...
- Que?
- Acho que quebrei a mão.
- Quebrou, Alberto! Pelo baita barulho que fez, tá quebrada sim. Que vergonha, Alberto, me poupe! Um homem que já tem até bisneto, brigando desse jeito!
- Não é pela idade que tenho, que vou levar desaforo pra casa.
- Chega de conversa, levanta daí e vamos de uma vez. Te apoia aqui em mim.
- Que merda. Ganhei a briga e nem vi.
- Humpf...
- Natália...
- Que?
- Alguém filmou?


Fernando Corona




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