domingo, 27 de julho de 2014

CHORAR – UTILIDADE PÚBLICA

Pra mim tem 3 coisinhas que ajudam quando a vida aperta um pouco mais a alma. Dormir, tomar banho e chorar.

As duas primeiras tiro de letra. Chorar já é um pouco mais difícil. É meio proibido chorar e para os homens é bastante mais. Então não treinamos o chorar e por isto acho que não sei chorar direito. Às vezes, no meio do choro, me distraio com alguma coisa e não consigo voltar de onde parei. Então tomo um café e deixo pra chorar o resto depois.

A gente ainda vê, mesmo com todos os novos manuais sobre psicologia infantil, que quando uma criança se machuca, logo vem um adulto que pede (e não raro manda); Não chora! e assim vamos censurando desde cedo.

É que não gostamos de ver chorar. Nos impressiona. Quando vemos alguém chorando na rua, dá vontade de oferecer ajuda e temos também curiosidade de saber o porquê. Vai dizer que não? E se for um homem, aí sim, imaginamos que uma grande tragédia aconteceu.

Ao contrário do rir, que está ligado ao bom e ao bem, o chorar é amiguinho do mau e do mal. O chorar é da turma do vomitar. O veneno que nos agride precisa ser expulso para o nosso bem. Mas geralmente postergamos, porque dói, porque desfigura. Chorar deixa marca, faz inchar e sendo assim, sempre alguém pode perguntar;

- Você chorou?

Então inventamos uma mentirinha como resposta. O chorar deveria ser mais comum, mais aceito. Levantar o pino da panela de pressão de vez em quando pode fazer com que ela não exploda.

Chorar regularmente pode impedir, ou ao menos adiar, infartos, derrames, ofensas e pontapés. Deveria haver, por parte dos órgãos de saúde, uma campanha "pró chorar". Pra estimular o choro e que o choro fique tão popular quanto o riso e que, como o riso, esteja por toda parte.

Certamente surgiria uma nova modalidade de piada. A piada triste. Imagina você numa roda de amigos contando piadas tristes e todo mundo chorando que é uma beleza. Legal, né?

E se você contasse uma piada boa, mas daquelas boas mesmo, você iria ver as pessoas rirem de tanto, tanto chorar.

Fernando Corona – 2013





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