Nastassja kinski. Mulher esplêndidíssima. |
Em toda minha vida, devo ter visto ao vivo apenas 3 ou 4 espécimes da mulher esplêndida. É raríssima. Vocês sabem do que estou falando? Eu chamo de mulher esplêndida àquela que é perfeita na unha, na mão, no pé, perfeita no cabelo, nas coxas, e quando penso nas coxas da mulher esplêndida já me vem a abominável taquicardia.
Prestem atenção. A mulher esplêndida tem o que há de mais difícil de se encontrar na natureza. O joelho bonito. O joelho absoluto. Eu não poderia ser casado com uma mulher esplêndida de jeito nenhum. Morreria rapidamente, num formato de faquir. Seria enterrado como indigente, pois não seria reconhecido nem pelos familiares mais próximos.
Quando a mulher esplêndida entra numa sala de espera qualquer, mesmo estando completamente coberta por casacos e blusões, é notada por todos que ali estão e absolutamente todos sentem por ela profunda ira. E um tesão desgraçado também.
A mulher esplêndida tem a característica de fazer o veado dar uma repensadinha, mesmo que momentânea e pode também fazer qualquer outra mulher sentir os eflúvios do sapatismo. Tenho uma amiga que encontrou a Sabrina Sato num aeroporto e tirou foto com ela e tudo. Me confessou que tremeu na base. Era muita exuberância.
Sempre que vejo uma mulher esplêndida, logo me vem à cabeça a probabilidade lógica da existência do Senhor. Só Ele poderia ser responsável por tamanha criação. Não há outra explicação possível.
São dois os momentos em que sinto fortemente a possibilidade da existência divina. Um é este. O outro é quando estou comendo manga na pia.
Quando o suco escorre pelo queixo, pelos cabelos e cotovelos, quando pedaços da magnífica polpa caem na camisa, na coxa e no piso branco, é neste instante que entro em profundo êxtase e com olhos injetados penso que todo este prazer só pode ser ideia e criação de um ser superior e de repente deixo o caroço resvalar e cair estrepitosamente no balcão e então volto a mim, e noto que tá tudo cagado de manga e lavo o rosto na torneira, o que faz respingar baba de manga por todo lado e desesperado, acabo secando a cara num impecável pano de prato que resulta também manchado e neste exato momento, por alguma razão que deve ser um outro poderoso desígnio do Senhor, minha mulher adentra na cozinha e se depara com a cena toda, e é aí que lhes confesso, meus amigos, é aí que, assombrado, começo também a acreditar seriamente na existência do inferno.
Fernando Corona
14/05/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário