sexta-feira, 15 de agosto de 2014

ASPIRINAS E PADRES



Foi agora mesmo, mastigando uma aspirina, que me lembrei, entre outras coisas, do Lexotan. “Com Lexotan os pensamentos passam, mas não doem”. Foi a frase que me veio à cabeça, dia destes, na janela.

Eu mastigo aspirinas talvez porque meu pai as mastigasse também. Eu o achava corajoso por fazer isto, mas pelo que minha mãe fala, tive um trauma quando um drops ficou entalado em minha garganta.

Talvez por isto, sempre tive esta dificuldade de engolir comprimidos. Minha avó queria que eu fizesse a primeira comunhão e eu já estava me preparando para isto, quando ouvi alguém dizer que a hóstia não se podia mastigar. Vi uma foto de umas crianças recebendo a hóstia de um padre e fiquei horrorizado com o tamanho que ela tinha. Como é que alguém pode engolir isto sem mastigar? Maior que um Cebion?!

Acabei não fazendo a comunhão, acho que por pressão do meu pai, que era ateu e achava bobagem. Minha irmã também não fez, apesar de estar entusiasmada e até ir no cursinho, mas teve uma discussão com o padre a respeito da existência do Diabo. Chegou em casa irritada com a questão e também deixou pra lá, e assim, acho que fomos nos criando meio ateuzinhos.

Meus filhos, e isto já faz muito tempo, chegaram da aula e estavam na sala numa conversalhada sobre Jesus. A mãe deles, atraída pelo papo, pergunta.

- Escutem aqui. Vocês sabem quem é Jesus?
- Claro, mãe. É o cozinheiro da creche!

Eles rezavam antes da aula, uma reza que agradecia a Jesus pelo alimento dado, e assim tiraram suas conclusões lógicas.

Isto tudo me fez lembrar de duas de padre. Aqui vai a primeira.

O padre calavera (este é um termo gaudério que designa aquele que é viciado em jogatina) foi mandado para uma cidadezinha do interior como punição. Fez, num domingo, seu primeiro sermão e depois disto foi caminhar pela praça para conhecer a cidade.

No meio do passeio, se aproxima um rapaz e se dirige a ele.

- Padre. Na quinta, 8 da noite vai ter um Poker ali no bar do Nito. Esperamos pelo Senhor.

O religioso ficou desconfiado daquilo, mas seguiu caminhando, quando outro cara se aproxima.

- Padre, padre...no sábado vai rolar uma canastrinha ali no Clube. Contamos com sua presença!

O padre ouviu aquilo e mudou a direção, achando tudo muito estranho. Logo em seguida se aproxima uma senhora gordota no maior entusiasmo.

- Padre! Amanhã vai ter uma roda de pife lá em casa. O Senhor não gostaria de participar?

O clérigo não se contém.

- Minha filha. Acabei de chegar na cidade. Não conheço nada nem ninguém. Por que vocês estão me fazendo tais convites?
- Ora, Padre! Estávamos todos no sermão e vimos que antes de distribuir as hóstias, o Senhor as embaralhou.

Pra fechar, aqui vai a segunda.

Chegou na paróquia um padre novo que tinha por hábito cobrar 1 real cada pecado. A pessoa se confessava e pagava ali mesmo. Um cara foi falar com o padre e disse ser um pecador inveterado e marcou hora no confessionário para o dia seguinte.

Chegou às 10 da manhã e começou a enfileirar suas barbaridades para o padre que foi marcando num caderno. Já passava do meio dia, quando o rapaz falou.

- Padre, acho que é isto. Não lembro de nenhum outro pecado. Acho que confessei todos.
- Sim, meu filho. Agora deixe-me conta-los. Puxa vida. Você pecou bastante.

O clérigo, concentrado, depois de alguns minutos, chegou ao fim de seu levantamento.

- Meu filho. São 149 pecados.

O pecador, conformado, tira da carteira 3 notas de 50 e entrega ao padre que responde.

- A igreja não tem troco, meu filho.
- Então vai tomar no cu, padre e ficamos assim.

                                                 Fernando Corona - RJ 2014



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