terça-feira, 5 de agosto de 2014
ELOGIO TEM DE SER LIMPINHO
Depois do concerto estou por aí pelo palco, ajeitando umas coisas, quando vem em minha direção um magrão sorridente, que me aperta a mão e diz;
- Pô, Corona, tu é o cara, toca pra “carai”!
Logo pensei. Hummm , um elogiador profissional. Tirei meu Ego pra fora e quero barba, cabelo, shampoo, creme e massagem. Ele seguiu solando.
– Nesta última música tu arrasou, com esta dinâmica, com esta sensibilidade.
E eu ali, ouvindo em êxtase, quase de olhos fechados, sorvendo aquele néctar dos (até que enfim) justos elogios. Ele prossegue.
- Tu é demais, tu tinha de ser conhecido no exterior. Vou te falar uma coisa, Corona. Prá mim são dois caras. Um é tu, o outro é o Paulo.
Aí já fiquei irritado.
- Que Paulo?
- Paulo Bello, tu não ouviu o último Cd .....
Interrompi a frase.
- Paulo Bello não toca nada.
- Como?
- Paulo não toca rolhas. É fraco. Além do mais tem um caráter bem duvidoso.
O cara quis balbuciar algo, mas cortei.
– Olha só. Tem mais essa. Paulo Bello também não come ninguém.
O magrão ficou me olhando embasbacado e gaguejando foi iniciando a evasão.
- Bom , “Seu Corona”, de qualquer forma quero dizer que gostei muito do som. Abraço.
E bateu em retirada num passo rápido, olhando pra trás duas ou três vezes ainda pra se certificar de que estava bem longe de mim. Fiquei acompanhando seu trajeto com um olhar “Nicholson do Iluminado” até ele desaparecer.
Fui injusto, pensei. Paulo Bello até que toca direitinho . E o que é pior, até andou pegando minha prima Isolda que é gostosa pra caramba e a galera toda ficou com a maior inveja. Fui injusto sim.
Mas putaquiuspariu, não deu pra segurar. O cara manda elogio com venda casada! Elogio a gente gosta quando é limpinho, purinho, só pra gente.
E ainda por cima de tudo me chama de “Seu Corona” antes da fuga. Pode? Tomanocu.
Fernando Corona – 2014
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maravilhaaaaaaaa! elogio tem que ser limpinho. Muito bom.
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